Nada do que foi dito hoje pelo presidente do Fed, Jerome Powell, é realmente novo ou uma surpresa. Os pontos que podem ser destacados: o Fed reconhece que a economia deu sinais ruins, embora sutis, em relação à inflação; Powell ressaltou que não são analisados dados de um único mês, mas do primeiro trimestre; por outro lado, ele deixou claro que não vê, neste momento, nenhuma chance de ter um aumento de taxa. Isso agradou o mercado acionário, que está reagindo positivamente.
Nos últimos meses o mercado especulava que os juros iriam cair. As coisas foram mudando e chegou-se à conclusão de que não cairiam tão cedo. Só o fato de Powell afirmar que a taxa não vai subir, já é positivo para o mercado.
Na conversa com os jornalistas, Powell, embora seja muito sereno, demonstrou um certo incômodo com um dos repórteres, que questionou se alguma conduta do Fed seria modificada, em razão das eleições. Powell foi muito enfático em dizer que esse é o quarto mandato dele e que jamais permitiria isso. E ressaltou que Banco Central americano é completamente independente.
Brasil
De imediato a decisão do Fed não provoca repercussão no Brasil, porque já era esperado que haveria manutenção na taxa de juros americana. Mas isso vai desacelerar o ritmo da redução da taxa brasileira – o que também já foi anunciado pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos.
Ele já reconheceu que o ritmo de cortes terá que ser reduzido. Eu acredito que, na próxima reunião, Campos vai, inclusive, acompanhando esse discurso do Fed, emendar e dizer que o Brasil está se aproximando de um teto para redução dos juros.
Bruno Corano é economista e investidor da Corano Capital