Até o fim do ano, a indústria têxtil deve produzir 6,55 bilhões de peças e atingir perto de R$ 291 bilhões de faturamento, o que será 5% a mais que em todo o ano de 2022. Estes números demonstram uma das frentes de mercado que mais emprega e mais cresce no país. De acordo com a Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil), o Brasil tem cerca de 24 mil empresas ativas e à medida que a economia do país se restabelece, a margem para crescimento do setor aumenta ainda mais.
Segundo especialistas do setor, uma das tendências que mais têm impulsionado a expansão da indústria têxtil mundial desde o início da pandemia é o modelo “ultra fast fashion”, também chamado de “real time fashion”. Segundo Eduardo Cristian, CEO das consultorias Costurando Sucesso e Embaixada da Confecção, trata-se de uma nova forma que a indústria da confecção e o mercado da moda, como um todo, passaram a se organizar baseados diretamente no que as redes sociais e os internautas colocam em evidência em relação à estilo e consumo.
Para o mercado têxtil isso representa ditar o que é tendência em tecido, modelagem, acessórios, cores, padrões, estampas, e tantos outros detalhes. “Com a forte ascensão da Shein durante a pandemia, a indústria global de confecção passou a ser pressionada mais fortemente pela mudança dos hábitos do consumidor. Hoje tudo é pautado pelas redes sociais. Essa mudança tem gerado um novo modelo de produzir”, explica o empresário.
Eduardo Cristian é o organizador do MBA Fashion Day em São Paulo, um seminário intensivo de atualização anual sobre as demandas mais urgentes do mercado nacional da moda que está na terceira edição. Este ano, um auditório repleto de mais de 1200 empreendedores e representantes de todas as frentes do mercado da moda, de diferentes Estados brasileiros, se reuniram no bairro da Liberdade da capital paulista. O CEO abriu e encerrou os dois dias de palestras intensivas sobre as principais tendências e oportunidades de mercado para o país e alertou para as transformações do ultra fast fashion.
Em todas as sessões a mensagem foi clara: a pandemia de covid-19 que afetou o mundo mostrou para o comércio mundial que não basta apenas se adaptar à uma nova maneira de se comunicar. O pós-pandemia agora exige transformação de toda a cadeia de produção.
Mudanças na rota profissional
O novo modo de produção da indústria têxtil impulsionado por gigantes globais que têm as redes sociais como sua principal estratégia, como Shein, Shopee, Forever21 e outras, tem influenciado até mesmo no perfil dos profissionais da moda. Com cerca de 20 anos de experiência no ramo, Raunin Vanira, atual estilista da Plane Brand, private label masculina criada no Brás com clientes consolidados de magazines e no varejo pelo Brasil, conta a rápida transformação que tem visto no mercado – “Há cerca de um ano fiz a transição da minha carreira, e pressionado pelas exigências do mercado”.
“A pandemia fez as empresas serem mais enxutas e práticas” – Raunin Silva, artista visual e estilista, com anos de experiência no mercado do Brás, em São Paulo.
Até ocupar a posição de estilista, Raunin atuou por quase 10 anos como designer têxtil e desenhista de street wear, moda fashion e de fitness feminino. “Notei que a pandemia fez as empresas serem mais enxutas e práticas. O designer têxtil de hoje tem que ser multitarefas. Se antes o meu diferencial era fazer desenhos à mão, agora, ponho em prática uma visão global, de ponta a ponta do negócio. Por isso passei a mesclar com o estilismo de moda e não volto mais atrás. Concilio as duas funções”, explica.
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