Um repto no mês peculiar, de combate ao cancro infanto-juvenil. Médicos voluntários, estudantes de medicina e pessoas envolvidas numa só missão: explicar à população sobre o retinoblastoma. A campanha que lotou shoppings de várias cidades brasileiras no último final de semana foi criada e propagada pelos jornalistas Tiago Leifert e Daiana Garbin, para fazer com que as informações sobre cancro de retina — que pode ser irremissível — pudessem chegar ao maior número de pessoas. E, assim, estimular o diagnóstico precoce da doença e as maiores probabilidades de tratamento e trato.
Nas redes sociais, Leifert agradeceu às parcerias de médicos, clínicas, laboratórios e redes hospitalares, além dos inúmeros parceiros e voluntários que trabalharam no evento.
“A gente não imaginou que a campanha ia tomar essa proporção, a gente não imaginou que fosse chegar tão longe e que ia ser tão grande. A campanha começou a ser planejada em março, ela [Daiana Garbin] trabalhou muito para conseguir o apoio de várias empresas que ou entraram com uma ajuda financeira, ou trabalharam de graça pela campanha. Nos ajudaram muito as sociedades médicas, elas nos deram respaldo científico para a gente não passar nenhuma informação errada nas cartilhas e povoaram os eventos com médicos voluntários.”
Para o evento, o parelha de jornalistas contou com o base de empresas. Uma delas, a Rede Dasa, apoiou a iniciativa doando testes genéticos para famílias de crianças com retinoblastoma. Segundo a profissional em oftalmologia e geneticista, Juliana Sallum, “as famílias com crianças acometidas pelo retinoblastoma estão recebendo consultas de aconselhamento genético para esclarecer risco de o retinoblastoma ser hereditário na família.”
Ainda de concórdia com a médica, essa informação sobre a origem do tumor traz informações úteis tanto para guiar o comitiva da moço, quanto para fazer o aconselhamento genético da família.
“Quanto ao risco para outras crianças afetadas com o mesmo problema. Ou risco, por exemplo, para uma criança que teve retinoblastoma na infância, agora é um adulto, planeja ter filhos e quer saber sobre o risco de esse tumor aparecer nos filhos. É uma forma diferente, uma informação nova e a gente esclareceu de que forma essa ferramenta genética poderia ajudar no diagnóstico dessa doença.”
Ação na capital
Em Brasília, a campanha também aconteceu num shopping e foi promovida pelo Hospital da Muchacho José Alencar (HCB). Quem passava pelo sítio foi abordado pelos profissionais do hospital e receberam informações sobre o que é o retinoblastoma — e quais sinais indicam que a moço precisa de atendimento médico. Além dos médicos do HCB, a equipe de Oftalmologia Pediátrica do Hospital Regional da Asa Setentrião e voluntários da Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Cancro e Hemopatias (Abrace) estiveram presentes. A ação foi coordenada pela médica Isis Magalhães.
“É uma responsabilidade enorme de dar esse alerta não só para família e comunidade, mas também para os colegas e profissionais de saúde que estão na linha de frente, que recebem as crianças. Profissionais de educação que podem sentir alguma alteração na visão da criança, além de dar o alerta para os sinais e sintomas, entre eles, o mais comum que é a leucocoria — o reflexo pupilar branco no fundo do olho.”
Esse revérbero costuma eclodir em fotos ou pode ser observado por quem cuida da moço. O retinoblastoma é um tumor maligno da retina, que ocorre principalmente em crianças entre 0 a 5 anos, mas é mais frequente nos primeiros dois anos de vida.
Esse tipo de cancro no olho, segundo o Instituto Pátrio de Cancro (INCA), atinge entre 200 e 400 crianças por ano no Brasil, representa murado de 4% dos cânceres infantis, pode motivar facciosismo e — se não for tratado — levar até a morte.
A doutora Isis explica que os sistema de regulação agem rápido em caso de diagnóstico da doença e dá o caminho das pedras caso alguma mudança seja notada.
“No caso de diagnóstico de uma leucocoria, que é muito predito, a família pode procurar o pronto-socorro de oftalmologia que tem no HRAN e no Hospital de Base (ambos em Brasília) para que a criança tenha entrada imediata no sistema.”
“De olho nos olhinhos”
A campanha foi criada em 2022 pelos jornalistas Tiago Leifert e Daiana Garbin para invocar a atenção para o retinoblastoma. A motivação foi o diagnóstico da filha do parelha, Lua, que aos 11 meses foi diagnosticada com a doença. Hoje, depois de dois anos de tratamento, o parelha se engaja não só nas redes sociais, mas promove o evento anual de conscientização sobre a doença.