O roteiro que deu origem a este conto foi escrito em novembro de 2020, durante o período de isolamento social. Naquele mês foram registradas mais de 13.000 mortes no Brasil, um número que, apesar de muito alto, marcava o menor índice desde que a curva começara a cair, em agosto. Foi nessa tendência de queda que surgiu a expressão “novo normal”, que prenunciava um novo estilo de vida onde, teoricamente, haveria mais solidariedade e respeito à natureza para evitar que situações semelhantes à que nos obrigou ao confinamento voltassem a ocorrer.
Não foi exatamente o que aconteceu após a pandemia. Algumas pessoas perderam completamente a esperança na humanidade. Na trama, o personagem Cole levava uma vida de reclusão, um tanto paranoica, já fazia um bom tempo. Para ele, a humanidade jamais iria despertar para a empatia e para a solidariedade. Por isso, decidira se afastar da “vida normal” e se isolar no que chamava de sua ‘distopia’. Suas únicas companhias eram as vozes que costumava ouvir e que o perturbavam. Sentia-se constantemente vigiado até que, um dia, recebe uma visita que o fará refletir sobre o seu modo de vida.
Transitando entre a loucura e a desesperança; o negacionismo e a realidade; a política e a fé, “O mundo que habito e o visitante inesperado” levanta a seguinte discussão: a forma como as conquistas materiais muitas vezes são colocadas como prioridade ao invés de se valorizar a simplicidade do viver em si, talvez esteja muito longe de ser considerada uma vida “normal”.
Com referências às distopias “A revolução dos bichos” e “1984”, de George Orwell, a história mostra que, apesar da nossa eterna busca por um mundo melhor, haverá sempre o contraponto entre o bem e o mal; a solidariedade e a ganância. Ainda assim, desistir nunca será a melhor opção. A inércia apática fortalece ainda mais os que desejam manter o ‘status quo’ de uma sociedade onde apenas uma minoria pode se dar ao luxo de desfrutar da usurpação alheia. Reforça também a importância que a educação e as artes têm na formação de uma sociedade mais justa. Tratadas por muitos como atividades supérfluas ou até mesmo subversivas, elas nos dão o conhecimento necessário para que possamos enxergar as mentiras que nos tentam fazer acreditar como sendo verdades inquestionáveis.
“O mundo que habito e o visitante inesperado” é, acima de tudo, uma proposta à reflexão sobre as nossas atitudes — ou a falta delas — diante do mundo e da sociedade em que vivemos.
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