Em nova surpresa de alta, o IPCA-15 de março avançou 0,36% em relação ao mês anterior. Houve desaceleração em relação aos 0,78% verificados em fevereiro, mas o indicador ficou acima dos 0,30% esperados pelo mercado. O resultado levou o índice acumulado em 12 meses de 4,49% em fevereiro para 4,14% em março.
O recuo da inflação ao consumidor foi puxado por dois grupos: Educação, que passou de uma alta de 5,07% em fevereiro para 0,14% em março, e as passagens aéreas, com queda de 9,08% no mês. O grupo de serviços subjacentes, que exclui os grupos acima, avançou pelo 4º mês consecutivo para 5,12% em março. O agrupamento se destina a medir a inflação dos preços de serviços que respondem de forma mais direta aos ciclos de política monetária e sua resistência em patamar elevado foi uma das fontes de preocupação elencadas na Ata do Copom.
A autoridade monetária reiterou que há riscos em relação ao cenário de estabilidade de preços por conta do mercado de trabalho aquecido e consequente pressão sobre salários. Vale destacar também que os diretores do Banco Central chamaram a atenção ao peso dos estímulos fiscais e da desancoragem das expectativas como fonte relevante de incerteza para o cenário prospectivo para a inflação.
A surpresa de alta dos preços ao consumidor e a comunicação mais dura trazida pela Ata do Copom indicam que o ciclo de queda de juros pode terminar em patamar mais alto do que os 9,0% previstos na pesquisa Focus. Além disso, a expectativa é de que a autoridade monetária faça apenas mais um corte de 0,5 p.p. na próxima reunião de maio para em seguida ficar fortemente dependente da evolução dos dados para determinar os passos seguintes.