O Brasil foi o terceiro país que mais recebeu vistos americanos em 2023. Foram 1,158 milhão de autorizações concedidas pelos EUA a cidadãos brasileiros, alta de 42% sobre o volume do ano anterior. Apenas México (2,5 milhões) e Índia (1,4 milhões) registraram mais emissões. China (539 mil) e Colômbia (491 mil) completam as cinco primeiras posições do ranking.
Os dados fazem parte da edição mais recente da pesquisa “Os vistos americanos mais concedidos para brasileiros”, realizada anualmente pelo Viva América, assessoria imigratória especializada em serviços para quem quer viajar, estudar ou morar nos EUA.
“Não é exagero dizer que 2023 foi o ano da mobilidade global, com números elevadíssimos de pessoas viajando e migrando para outros países. E os EUA acabam sendo um dos principais destinos por ter um histórico de acolhimento ao imigrante, uma indústria turística em pleno vapor e políticas governamentais que têm estimulado a contratação de mão de obra estrangeira”, diz Rodrigo Costa, CEO do Viva América.
A pesquisa foi elaborada a partir de relatórios oficiais do Departamento de Estado americano, que administra a emissão de vistos em todos os consulados e embaixadas dos EUA ao redor do mundo.
Com mais de 522 mil emissões, o consulado de São Paulo foi o terceiro posto diplomático dos EUA que mais processou vistos em 2023, atrás apenas do consulado de Monterrey, no México, e da embaixada da capital mexicana. O consulado do Rio de Janeiro ficou na 12ª colocação, seguido por Brasília (16ª), Porto Alegre (24ª) e Recife (30ª).
Os vistos queridinhos
De acordo com a pesquisa do Viva América, 75 vistos diferentes – entre temporários e imigratórios – foram concedidos a brasileiros em 2023. A liderança, claro, ficou com o visto de turismo e negócios (B1/B2), que registrou 1,094 milhão de emissões – maior volume da história e equivalente a 94,4% de todos os vistos dados a nacionais do Brasil.
“O Brasil historicamente é um dos dez países que mais enviam turistas aos EUA. E, em 2023, vimos as filas de espera dos consulados serem reduzidas drasticamente após a Embaixada tomar algumas medidas de melhoria operacional. Isso, somado ao desejo do brasileiro em querer viajar após a pandemia, explica esses números”, analisa o CEO do Viva América.
Os vistos de intercâmbio (J-1) e de estudante (F-1) foram, respectivamente, o segundo e o terceiro mais concedidos para brasileiros, com 12,5 mil e 8,2 mil autorizações expedidas em 2023.
Aparecem ainda nas primeiras colocações, os vistos L-1 e L-2, destinados à transferência de executivos e gerentes de empresas brasileiras para escritórios nos EUA, assim como seus familiares.
Vistos que mais cresceram
Dos vistos com mais de dez emissões registradas no período da pesquisa, o visto P-3 foi o que apresentou maior variação percentual: crescimento de 191,8%, saindo 74 autorizações em 2022 para 216 no ano seguinte.
O visto P-3 é voltado para artistas que vão aos EUA temporariamente para performar, ensinar ou treinar, individualmente ou como parte de um grupo, uma arte que seja culturalmente única.
“É a maior quantidade de vistos P-3 já emitida, resultado talvez da maior internacionalização da cultura brasileira. Será interessante observar, nos próximos anos, se o patamar será mantido, o que pode indicar uma tendência interessante de globalização da arte nacional, ou se 2023 foi apenas um ponto fora da curva”, pontua Costa.
Também registraram crescimentos significativos os vistos H-2A, voltado para trabalhadores agrícolas temporários e que saltou de 150 para 281 emissões (87,3%), e o M-1, utilizado por estudantes internacionais para fazer cursos vocacionais e técnicos nos EUA e que teve um crescimento de 73,7%, saindo de 156 emissões em 2022 para 271 em 2023.
Para o CEO do Viva América, o crescimento observado nos vistos de trabalho e estudo é reflexo do movimento de fuga de cérebros do Brasil para os EUA, um fenômeno que vem sendo observado já há alguns anos.
Em busca de um amor
Chama atenção também, na pesquisa do Viva América, o crescimento de 82,1% nas emissões do visto K-1. Trata-se de um visto exclusivo para noivos estrangeiros de cidadãos americanos, para que eles viajem aos EUA com o intuito de se casar com seus parceiros e, em seguida, solicitar a residência permanente (o famoso green card).
Durante o processo de obtenção do K-1, deve-se apresentar provas do relacionamento, passar por uma entrevista no consulado do Rio de Janeiro e, uma vez que o visto é emitido, o casal precisa oficializar a união civilmente nos EUA em no máximo 90 dias.
“Muitos desses casais acabam se conhecendo em programas de intercâmbio ou em viagens turísticas, sejam para o Brasil ou para os EUA. Portanto, se essas atividades são estimuladas pela indústria, com pacotes mais acessíveis ou redução de taxas e burocracias, é possível que isso resulte em mais vistos K-1 sendo emitidos”, aponta Costa, que não descarta a possibilidade de algumas dessas uniões terem apenas a finalidade de fazer com o imigrante entre nos EUA, sendo desfeitas tão longo ele recebe o green card.
“É algo que acontece, existe um mercado para isso, mas trata-se de uma prática fraudulenta, que, se descoberta pelas autoridades, pode resultar em punições tanto para o estrangeiro quanto para o cidadão americano.”
Vistos dos EUA mais emitidos para brasileiros em 2022
B1/B2 – 1.094.633
J-1 – 12.517
F-1 – 8.289
L-2 – 6.241
C-1/D – 5.176
L-1 – 4.425
A-2 – 3.046
B-1 – 3.435
H-1B – 1.509
J-2 – 1.654
EB-2 – 1.988
P-1 -1.611
O-1 – 1.549
F-2 – 1.388
H-4 – 847