Pesquisa realizada para avaliar o nível de conhecimento sobre o câncer de mama no Brasil revela que 69% das mulheres se consideram bem informadas a respeito da doença. No estudo feito pelo instituto Datafolha, a pedido da Gilead Oncology, 61% dizem se informar sobre o assunto. Para 26%, os esclarecimentos estão na internet; para 25%, em consultas médicas. O Outubro Rosa, conhecido por 98% das entrevistadas, é considerado por quase a totalidade das participantes uma “campanha muito importante para conscientizar as mulheres sobre os perigos do câncer de mama”, o segundo tipo mais comum nas mulheres e a principal causa de morte entre elas.
“Do ponto de vista qualitativo, a pesquisa é importante para sabermos como as mulheres buscam informações sobre o câncer de mama” afirma Bruno Laporte, mastologista titular da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM). Para o especialista, também é necessário para entender o quanto o Outubro Rosa, as campanhas realizadas pela SBM e por todos os mastologistas no Brasil “são fundamentais na mudança de conceito, na geração de conhecimento e na percepção que essas mulheres têm em relação ao câncer de mama, à prevenção e saúde”.
O estudo Datafolha/Gilead Oncology ouviu 1.007 mulheres, com média de idade de 43 anos, em capitais e regiões metropolitanas (44%) e no Interior (56%). O SUS (Sistema Único de Saúde) é o acesso de saúde para 75% das entrevistadas, sendo 91% das classes D/E e 87% com ensino fundamental. Os planos de saúde compreendem o acesso de 20% e o particular, de 18%.
Se 69% se consideram bem informadas sobre o câncer de mama, de acordo com a pesquisa, o grupo “Mais ou menos informada” representa 31% das respondentes e é formado por mulheres entre 25 e 29 anos (45%), da classe D/E (42%), negras (35%), com ensino fundamental (35%) e usuárias exclusivas do SUS (36%). “Este grupo, em especial, evidencia a necessidade e a importância de políticas públicas e estratégias específicas de informação para o conhecimento e o rastreamento da doença”, ressalta Laporte.
As mulheres que buscam informações sobre a doença são 61%, segundo o levantamento. A internet aparece como a principal fonte para sanar dúvidas (26%), seguida da consulta médica (25%). “É importante notarmos no estudo que ‘matérias, divulgação e propaganda’, ‘redes sociais’, ‘palestras’ e ‘campanhas do Outubro Rosa’ representam quase um terço das informações obtidas e, portanto, são canais a serem mais explorados com esclarecimentos sempre precisos”, pontua o mastologista da SBM.
Sobre o Outubro Rosa, reconhecido por 99% das entrevistadas pela importância da conscientização sobre os perigos do câncer de mama, há dados relevantes, segundo Laporte. “A campanha motivou 70% das mulheres a procurarem um médico, e 40% foram estimuladas a fazer mamografia.”
Para 97% das respondentes, o diagnóstico da doença em fases iniciais aumenta as chances de cura. O autoexame é tido como “fundamental” entre 98% das participantes do levantamento para a prevenção contra o câncer de mama. “O autoexame mensal tem limitações e não diminui a mortalidade quando empregado isoladamente”, diz o especialista. “O conceito que propõe uma abordagem mais moderna, leve e efetiva que o autoexame mensal é o ‘conhecimento do próprio corpo’, com atenção aos sinais e alterações do organismo”, completa. Para o mastologista, o novo conceito deve estar associado à importância da mamografia como método de rastreamento da doença, “sendo o único exame com diminuição de taxa de mortalidade em mulheres de risco habitual”.
Entre as mulheres que fazem a mamografia, 49% têm o exame como rotina, sendo 60% das classes A/B e 37% das classes D/E. Duas em cada dez entrevistadas (21%) realizaram por solicitação médica, e 16% porque “sentiram caroço ou nódulo” nas mamas.
Ser jovem (42%) e não ter o pedido do médico (30%) são os principais motivos para as mulheres ouvidas nunca terem feito uma mamografia. “A pesquisa não estratifica a idade dessas mulheres, mas é importante ressaltar que 15% não realizaram o exame porque estavam assintomáticas; 10% nunca pensaram em realizá-lo”, observa o médico. Problema de acesso para fazer a mamografia foi relatado por 6%. “Isso nos faz pensar, por todos os motivos apresentados no estudo, que a dificuldade para a realização do exame pelo SUS pode não ser a principal causa da baixa taxa de cobertura de rastreamento no País”, destaca.
Nove entre dez participantes da pesquisa não souberam apontar algum subtipo de câncer de mama ou estágio da doença. No entanto, no consenso geral, 62% citaram a quimioterapia e 43% a radioterapia como tratamentos. Somente 21% citaram a cirurgia, sendo 20% especificamente a mastectomia. “É muito importante informar que a mastectomia com a retirada total da mama é indicação a uma pequena parcela de pacientes”, afirma. A cirurgia conservadora, indica o especialista, é uma opção e uma estratégia a ser considerada, visando a segurança, a manutenção da feminilidade e a autoimagem da mulher.
“Tão importante quanto apresentar pesquisas relevantes, como a realizada pelo Datafolha/Gilead Oncology, é ouvir e envolver entidades e associações como a Sociedade Brasileira de Mastologia para que o entendimento da população brasileira sobre o rastreamento, a prevenção, o diagnóstico e as alternativas de tratamento do câncer de mama sejam sempre ampliados”, conclui Bruno Laporte.
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