O índice de desempenho da pequena indústria ficou em 44,8 pontos no segundo trimestre de 2023. O resultado, divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), é considerado positivo se comparado ao primeiro trimestre do ano (44 pontos) e à média histórica (43,8 pontos).
O indicador chegou a cair 3,5 pontos de março para abril, mas apresentou melhora no restante do trimestre, com avanços de 2,4 pontos de abril para maio e de 0,4 ponto de maio para junho. O cálculo da CNI leva em consideração a evolução do volume de produção, o nível de utilização da capacidade instalada e o avanço do número de empregados para as indústrias extrativas, de transformação e da construção.
O economista e professor de mercado financeiro da Universidade de Brasília (UnB), César Bergo, explica que em 2023 houve um crescimento maior da economia além do que se esperava, o que impactou toda a cadeia produtiva, inclusive os pequenos negócios industriais.
“De fato a economia acabou apresentando um resultado melhor no primeiro e no segundo trimestre do que se esperava. Isso acabou afetando a produção industrial, sobretudo dos pequenos negócios industriais. Algumas medidas do governo relacionadas à área de crédito e fomento e a questão também que houve da desoneração dos automóveis, dos impostos federais, acabou de alguma forma agindo positivamente no desempenho da indústria, porque você de alguma forma alimenta toda a cadeia produtiva do automóvel e envolve muitos produtores de pequeno porte.”
Apesar do resultado considerado positivo pela CNI no segundo trimestre, o deputado federal Benes Leocádio (União-RN) vê os números com preocupação.
“Embora esteja sinalizando números próximos do que aconteceu no exercício anterior, traz uma certa preocupação, porque há sinais de decréscimos, ou seja, desaceleramento do segmento. Isso nos preocupa, até porque é na pequena indústria onde se oferta o maior número de postos de trabalho. Espero que a economia possa reagir e a gente venha a ter tranquilidade no tocante, não só a manutenção dos empregos já existentes, mas também que possamos sonhar com a abertura de novos postos.”
Segundo o Panorama da Pequena Indústria da CNI, o índice de situação financeira — calculado com base na margem de lucro operacional, na situação financeira e no acesso ao crédito — aumentou 2 pontos no segundo trimestre de 2023 e atingiu 41,3 pontos.
Inflação fecha em 0,12% em julho, mas permanece dentro do teto de estimativas
No Senado, setor produtivo pede exclusão de imposto estadual da reforma tributária
Confiança
Pela primeira vez no ano, o empresário da indústria de pequeno porte demonstrou confiança no setor. O índice que mede essa confiança aumentou 1,3 ponto entre junho e julho e alcançou 50,6 pontos, ou seja, acima da linha divisória de 50 pontos que separa a confiança da falta dela. No entanto, o indicador segue abaixo da média histórica de 52,8 pontos.
Segundo Newton Marques, economista membro do Conselho Regional de Economia (Corecon-DF), a confiança do empresário industrial está relacionada à espera de uma redução da taxa básica de juros.
“O motivo da baixa confiança de pequeno empresário industrial em 2023 é com relação à espera de que haja uma redução da taxa básica de juros e que isso possa provocar um aumento dos investimentos do setor privado. Mas o governo também precisa dar o incentivo, aumentando o seu investimento no setor público para também ajudar a alavancar essa recuperação da atividade econômica.”
O economista César Bergo também relaciona a confiança do empresário industrial com a redução da taxa básica de juros.
“Um dos fatores importantes para a melhoria desse cenário é a redução da taxa de juros que vem acontecendo. Então, na última reunião do Copom, o Banco Central reduziu a taxa de juros. Isso vai ter um impacto direto nesse fator motivacional do pequeno empresário industrial, porque a indústria depende muito do crédito e também o crédito afeta diretamente o serviço, sobretudo a venda de bens duráveis.”
O deputado federal Benes Leocádio destaca a aprovação da reforma tributária para melhorar a
“Sabemos que os juros e a atual carga tributária são empecilhos para o crescimento de qualquer cadeia produtiva, principalmente os da pequena indústria. Esperamos que com a finalização e aprovação da reforma isso possa trazer melhores condições para o desempenho principalmente da pequena indústria brasileira que é quem mais gera emprego nesse país. E que tenhamos também a consciência de que o tributo devido e arrecadado pelo poder público é a fonte e condições de aplicação das políticas públicas de melhoria da qualidade de vida do cidadão. E o nosso desejo é que tenhamos carga tributária e mais geração de emprego e renda para assim a economia caminhar com melhores dias.”
Segundo o Panorama da Pequena Indústria, o índice de perspectivas da indústria de pequeno porte — que capta as expectativas para os próximos seis meses — apontou um aumento de 2,1 pontos em julho de 2023 e alcançou 49,5 pontos.