Enquanto Rússia e Ucrânia seguem em guerra no leste europeu, o Oriente Médio parece estar entrando em ebulição, com vários focos de conflito distribuídos por diversos países da região. Alguns especialistas defendem que este período da história já pode ser considerado como a 3.ª Guerra Mundial. Se for esse o caso, quais países seriam os mais seguros para fugir da guerra?
De acordo com o coordenador do curso de Comércio Exterior e do Observatório Global da Universidade Positivo (UP), João Alfredo Lopes Nyegray, o termo “guerra mundial” refere-se a conflitos a partir do alcance global e escala desses eventos. “É importante notar que o conceito de guerra mundial, seja para a Primeira Guerra, entre 1914 e 1918, seja para a Segunda, entre 1939 e 1945, não foi amplamente adotado até que esses conflitos já estivessem em andamento há algum tempo e sua dimensão global fosse evidente, tanto para observadores internacionais quanto em relação aos seus efeitos”, analisa. Por exemplo, na Segunda Guerra Mundial, o termo começou a ser utilizado na metade do conflito, quando já havia reflexos na Ásia e na África, e até mesmo países da América estavam envolvidos no confronto.
Com um mundo muito mais globalizado, a tendência é que as consequências de uma 3.ª Guerra Mundial se estendam para muito além do front, com impactos na economia e até mesmo na distribuição de alimentos e energia de diversos países. Por isso, para escolher os países mais seguros, é preciso levar diversos fatores em consideração. “Quando você tem, por exemplo, o lançamento de bombas nucleares em uma determinada região, a fumaça nuclear pode fazer com que o sol seja bloqueado, atingindo não apenas o país bombardeado, mas uma série de outros países costeiros ou fronteiriços”, explica Nyegray. E esse é apenas um exemplo dos efeitos sobre as nações.
Argentina
Bem ao lado do Brasil, a Argentina é um dos países que podem ser considerados mais seguros no caso de um conflito mundial. Isso porque ali se plantam algumas culturas muito resistentes, como o trigo, o que é fundamental quando se está tentando sobreviver aos efeitos de uma guerra sobre o acesso à alimentação.
Chile
Outro país da América do Sul que pode ser uma boa opção por motivos semelhantes aos da Argentina. “O Chile tem uma série de culturas agrícolas e recursos naturais variados que são muito úteis. Além disso, tem também a Cordilheira dos Andes, que poderia servir como barreira para eventuais poeiras nucleares, no caso de algum país próximo ser bombardeado”, pontua o especialista.
Butão
Já muito distante das fronteiras brasileiras, essa pequena nação da Ásia é cercada por montanhas e ocupa posições elevadas no atual índice de paz global. O país não tem litoral e está em uma região montanhosa, o que dificultaria ataques.
Ilhas Fiji
“Uma outra possibilidade seriam as ilhas Fiji, que é uma nação insular no Oceano Pacífico, a mais de 4 mil quilômetros de qualquer país. Trata-se de um arquipélago com florestas densas e recursos abundantes de peixes e minerais”, detalha.
África do Sul
A África do Sul é um país considerado muito rico geograficamente, o que poderia ser de grande vantagem no caso de um conflito mundial.
Groenlândia e Islândia
Isoladas de todos os outros países pelo simples fato de que são ilhas, a Groenlândia e a Islândia também figuram entre as nações mais seguras.
A paz é a exceção
Nyegray lembra que, embora haja uma série de mecanismos e organizações internacionais voltados à preservação da paz, ela não está realmente garantida neste século XXI. “Historicamente, a paz e a democracia se mostraram exceções, não a regra. A história humana registra muitas épocas de conflitos simultâneos, como o que vivenciamos atualmente.” Ele cita como exemplo o período entre as duas guerras mundiais, marcado por eventos como a Revolução Russa, a Guerra Civil Chinesa, a Guerra Greco-Turca e a Guerra do Chaco. “E, durante a Guerra Fria, houve muitas rivalidades regionais, entre elas o confronto indireto entre Estados Unidos e União Soviética, que acabou culminando nas guerras da Coreia e do Vietnã, na Guerra Civil da Guatemala e de Angola. Embora regionais, esses conflitos faziam parte de um contexto global mais amplo”, completa.