O termo pé diabético abrange uma série de alterações e complicações que afetam os pacientes com diabetes. Trata-se de uma denominação genérica que engloba diversas patologias distintas e que precisam ser bem entendidas para que sejam adequadamente tratadas. A incidência do pé diabético tem aumentado progressivamente ao longo dos anos, em grande parte devido à mudança nos padrões alimentares da nossa sociedade. Além disso, fatores como o aumento da expectativa de vida, levando a uma população mais envelhecida, somados à prevalência de estilos de vida sedentários, juntamente com a maior existência de condições como obesidade, hipertensão e colesterol elevado, contribuem significativamente para esse aumento preocupante.
No dia 14 de novembro comemora-se o Dia Mundial do Diabetes, uma data dedicada a conscientizar sobre a prevenção, diagnóstico e cuidados em relação a essa doença. O angiologista, cirurgião vascular e diretor da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP), Dr. Akash Kuzhiparambil Prakasan, esclarece que o diabetes é uma condição metabólica que afeta o funcionamento geral do organismo, alterando reações químicas e sua velocidade.
A doença divide-se em dois tipos: o tipo 1, em que o corpo não produz insulina, e o tipo 2, em que o corpo produz, mas em quantidade insuficiente ou não a utiliza eficazmente. Em ambos os casos, este hormônio desempenha um papel crucial para permitir que a glicose entre nas células. Sua falta faz com que a glicose se acumule, resultando em níveis elevados de açúcar no sangue.
O pé diabético é uma complicação que pode ocorrer em ambos os tipos de diabetes, uma vez que as alterações estão intrinsecamente relacionadas à presença da doença, independentemente da causa subjacente. “Com o tempo, os níveis elevados de açúcar no sangue podem causar danos nos nervos e nos vasos sanguíneos. Isso leva ao desenvolvimento da neuropatia diabética, uma condição caracterizada por dormência, formigamento, dor e perda de sensibilidade nos pés. Além disso, as mudanças na circulação sanguínea incluem a obstrução dos vasos, o que aumenta o risco de problemas cardiovasculares, como infarto e acidente vascular cerebral, amputação de membros e, em casos mais graves, o óbito”, declara o especialista.
Ainda segundo o cirurgião vascular, os problemas nos pés são responsáveis por mais internações hospitalares do que quaisquer outras complicações em pacientes com diabetes. Estima-se que ao longo da vida, aproximadamente 30% dos pacientes desenvolvam úlceras. Dessas úlceras, aproximadamente 20%* levarão a amputações, que podem ser maiores (acima do tornozelo) ou menores (abaixo do tornozelo). “Alarmantemente, 10%* desses pacientes não sobrevivem ao primeiro ano após o diagnóstico da ferida no pé. Isso destaca a urgente necessidade de uma atenção especial a esses pacientes, com o objetivo de reduzir ao máximo essas complicações. A compreensão das causas desses problemas permite o reconhecimento precoce de pacientes com alto risco. Foi demonstrado que até 50% das amputações e úlceras nos pés do diabético devem ser evitadas por meio de identificação, agilidade no diagnóstico e educação eficazes”, afirma Dr. Akash. *link.
De acordo com dados da International Diabetes Federation, estima-se que atualmente existam aproximadamente 537 milhões de pessoas, entre 20 e 79 anos, vivendo com diabetes em todo o mundo. Além disso, há uma projeção alarmante de que esse número aumentará para quase 700 milhões de indivíduos afetados até o ano de 2045 – link.
“É importante notar que três em cada quatro adultos com diabetes residem em países de média e baixa renda. Essas estatísticas destacam a magnitude global do desafio que o diabetes representa para a saúde pública e a necessidade urgente de abordar essa questão de forma abrangente e eficaz. No Brasil, estima-se que temos mais de 15 milhões de diabéticos, com aproximadamente 5 milhões não diagnosticados, por não terem acesso ou falta de atenção à saúde. Dados que tendem a subir nos próximos anos”, ressalta o médico – link.
É essencial reconhecer os sintomas e sinais de alerta associados ao pé diabético. As principais manifestações nesses pacientes estão relacionadas à doença arterial periférica, que envolve a obstrução dos vasos sanguíneos que fornecem sangue aos tecidos, neuropatia, que resulta na perda da sensibilidade protetora, e a presença de infecções. O diagnóstico precoce dessas condições e a atenção dedicada às feridas nos pés desempenham um papel muito importante.
“Adotar hábitos de vida saudável e praticar exercícios físicos é uma medida geral de precaução e controle de muitos desequilíbrios de saúde. No entanto, uma vez que alguém tem diabetes, a preocupação com os pés é crucial, e abrange desde a correta hidratação da pele, o corte adequado das unhas e o tratamento das micoses interdigitais (entre os dedos), que podem ser uma porta de entrada para infecções, até a escolha de calçados apropriados para evitar ferimentos. Consultas regulares com profissionais de saúde são igualmente importantes para identificar precocemente quaisquer alterações nos fatores de risco associados”, enfatiza o médico.
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