Nosso mundo atual, digital e conectado, facilita a vida, mas também serve para que criminosos enganem pessoas despreparadas para os riscos. Os golpes vêm evoluindo com a tecnologia e com serviços e aplicativos cada vez mais presentes no cotidiano, com destaque para o setor bancário no Brasil, onde o nível de automação dos serviços é elevado. Nesse cenário, os criminosos passaram a usar métodos mais criativos e, infelizmente, muitas vezes, as principais vítimas são os idosos, que acabam sendo alvos fáceis devido à sua menor familiaridade com recursos digitais e o mundo online.
Os métodos usados são variados e os golpistas usam telefones falsos ou clonados, se passam por funcionários de bancos, do INSS, de escritórios de advocacia ou de operadoras de cartão, enviam mensagens de texto em SMS e WhatsApp, buscando informações importantes (e sigilosas) das vítimas. Esses crimes configuram a violência patrimonial, e afetam diretamente o patrimônio, com perdas devastadoras. Em casos recentes, como o de um idoso de Belo Horizonte (MG), os prejuízos chegaram a cifras milionárias. A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) classificou como alarmante o número de idosos vítimas desses golpes – cerca de um a cada dez minutos.
Um dos métodos mais recorrentes envolve as falsas centrais telefônicas: a pessoa recebe uma ligação de alguém que se identifica como funcionário do banco ou da administradora do cartão de crédito. O golpista alerta sobre algo suspeito na conta da vítima e pede que ela forneça informações pessoais ou bancárias para bloquear ou corrigir a ação fraudulenta. Chega até a pedir que a vítima entregue o cartão a um motoboy, que supostamente levará o cartão até o banco. Ao seguir essas instruções, a vítima coloca seus dados e até o próprio cartão, com senha, nas mãos dos golpistas. Há também os golpes de clonagem de cartões, principalmente em compras online, por redes sociais ou em maquininhas de pagamento adulteradas. Nesses casos, o criminoso copia as informações do cartão e, posteriormente, usa esses dados para realizar transações indevidas. Sem falar nas mensagens urgentes de WhatsApp, pedindo Pix ou pagamento de boletos.
O aumento desses crimes preocupa as autoridades. O Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania já registrou mais de 36 mil denúncias de violência patrimonial contra idosos apenas neste ano, um aumento de quase 8% em relação ao ano anterior. Embora os bancos invistam cerca de R$ 4 bilhões por ano em tecnologia de segurança, o fator humano ainda é o mais explorado. Como medidas de prevenção e proteção, alguns cuidados são essenciais para ajudar a compreender e a usar de modo seguro a tecnologia, tais como:
Desconfiar sempre, especialmente de mensagens ou ligações “importantes”, “urgentes” ou inesperadas: não é normal solicitar senha por telefone ou internet, nem tampouco tratar de envio ou recolhimento de cartões. Nesse caso, deve-se encerrar a conversa e contactar o banco ou a instituição por meio dos telefones e canais oficiais. E nunca, jamais fornecer senhas, números de cartões ou outras informações pessoais sem ter certeza da legitimidade da solicitação.
Não clicar em links enviados por e-mail ou SMS reduzidos, estranhos ou de origem inusitada ou desconhecida: acesse exclusivamente o site oficial, digitando o endereço. Ou use o aplicativo fornecido pela instituição.
Cadastrar alertas: receber informações da movimentação para saber de tudo que acontece na conta por meio do seu celular.
Manter os dados de contato atualizados: isso evita que terceiros se passem por você para realizar alterações, operações ou obter informações ou vantagens indevidas.
Usar a biometria ou a autenticação em dois fatores: boa parte dos serviços usam essa segurança extra, que dificulta o acesso de criminosos mesmo que obtenham a senha.
Usar antivírus atualizado: previne contra softwares maliciosos que capturem dados sorrateiramente
Oriente seus familiares, vizinhos, amigos e conhecidos. Compartilhe essas informações sobre proteção contra os golpes e ajude a quem você estima. A conscientização e o cuidado com a forma como interagimos com as tecnologias são fundamentais para evitar cair em golpes. A principal defesa é a informação: quanto mais conhecemos esses crimes, mais preparados estamos para identificá-los e proteger a nós e aos que amamos.
*Luis Gonzaga de Paulo (58) é Mestre em computação aplicada pela UTFPR, especialista em segurança da informação pela UniRio e graduado em tecnologia em eletrônica – telecomunicações pela UTFPR. É coordenador de curso no Centro Universitário Internacional (UNINTER) e docente da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Atua como perito forense digital e consultor de TI e segurança da informação, é membro do IEEE e do Crea-PR. Tem mais de 35 anos de experiência na área das tecnologias da informação e comunicações, com atuação destacada em dezenas de empresas globais e em projetos nas três esferas do governo no Brasil.
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JULIA CRISTINA ALVES ESTEVAM
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