Por Luis Silvestre, consultor de negócios da FICO
O uso da inteligência artificial é uma realidade em diversos setores, da agricultura ao transporte, passando em especial pelo mercado financeiro, as aplicações desta tecnologia transformaram e continuarão a transformar a oferta de bens e serviços mundo afora. O uso responsável e ético de IA já é foco de grandes e poderosos grupos de discussão em todo o mundo. Mas além disso – e da regulamentação -, chamo atenção para o mal uso da IA para difundir desinformação, invadir a privacidade das pessoas e cometer fraudes.
Para 2024, enxergo cinco grandes “pontos cegos”, todos já identificados e criteriosamente estudados em outras oportunidades, mas que continuam a chamar a atenção para o desenvolvimento astuto de fraudadores para criar subterfúgios que confundam ou bloqueiam os sistemas antifraudes em atividade.
O phishing segue sendo uma ameaça comum, e com a evolução da IA generativa, a criação de e-mails ou mensagens falsas tendem a se tornar mais convincentes. É nesse contexto que usuários devem ficar cada vez mais atentos às mensagens recebidas por e-mail, texto, WhatsApp, abordagens nas redes sociais ou chamadas telefônicas, especialmente se esses contatos forem acompanhados de envio de links para acessar os detalhes da comunicação e com isso coletar dados e informações para cometer fraudes.
O comportamento do consumidor de comprar online tende a ser cada vez mais representativo, de acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm), em 2023, o segmento deve movimentar cerca de R$ 187 bilhões. O consumo digital é uma porta para os fraudadores. É preciso ter atenção também ao fornecer informações pessoais e de pagamento para não ter sua identidade roubada e meio de pagamento fraudado.
Falando em identidade roubada, as fraudes dessa natureza são uma preocupação crescente. Com os avanços no aprendizado de máquina e na utilização em escala de aplicações de IA surgiram os ‘deepfakes’ – vídeos falsos ou gravações de áudio que parecem e soam exatamente como os reais. Estas fraudes combinadas com fraudes online têm se tornado uma ferramenta muito utilizada por golpistas por meio da utilização de dados pessoais ou mesmo criação de identidades falsas.
O uso da engenharia social, ou manipulação de pessoas com algumas informações verdadeiras para que sejam induzidas a realizar alguma atividade, também estará em alta. Portanto é preciso atenção no fornecimento de dados, transferência de recursos, encaminhamento de mensagens e acessos a links. Em geral, criminosos utilizam dessas informações para aplicar golpes financeiros. Desconfie de retorno sob investimento com margens muito acima do que o mercado pratica com pouco ou nenhum risco. Gratificações, sorteios ou pagamento de contas, transações inesperadas e ou transferências de recursos urgentes (emergências) também entram no alerta.
Por fim, atenção à violação de dados: Além dos dados pessoais, outros dados estão na mira de fraudadores, como dispositivos que estão conectados à Internet, desde celulares e computadores, a eletrodomésticos, veículos e residências. Os fraudadores têm buscado formas de ‘sequestrar’ dados mediante pagamento de resgate causando interrupções de funcionamento, perdas financeiras ou mesmo perda permanente de dados valiosos.
No mundo das fraudes, uma coisa é certa, para cada solução um novo golpe é criado e, nesse sentido, a IA é um motor importante para recalcular rotas, entender padrões ou seus desvios, integrar redes neurais e se prescrever com ciência e matemática cenários possíveis e seguros.