Donald Trump sofreu uma tentativa de assassinato em 13 de julho, durante um comício em Butler, na Pensilvânia. O atirador foi identificado como Thomas Matthew Crooks, um ajudante de cozinha com 20 anos, que era praticante de tiro e havia se registrado como eleitor do Partido Republicano.
Por poucos milímetros, os tiros do fuzil AR-15 do pai de Crooks erraram o alvo, mas terão efeitos duradouros sobre as eleições presidenciais norte-americanas de 2024. O primeiro dos efeitos foi fortalecer a força da imagem do candidato republicano. Ao mover o rosto para o lado e escapar dos projéteis por milímetros, Donald Trump teve a orelha direita atingida e o rosto marcado por um filete de sangue. Ao se levantar com o punho levantado e gritar várias vezes ‘lute’, Trump ofereceu uma imagem muito forte aos seus apoiadores. Mas não apenas aos seus apoiadores.
O mundo assiste a uma tentativa dos Estados Unidos de enfrentarem o surgimento da China e da Rússia como gigantes mundiais. Por mais que a nova ordem global com esses atores como impérios capazes de polarizar contra os EUA ainda estejam em construção, é fato que a hegemonia norte-americana está em xeque. A imagem de Trump, levantando-se com marca de sangue e de punho em riste, é uma imagem de resistência de que muitos americanos precisavam. Tanto que a convenção do Partido Republicano, realizada após ao ataque, acabou se tornando uma festa de fanatismo em torno da figura de Trump.
Por outro lado, a explosão midiática de Trump repercutiu muito na dinâmica interna da campanha do Partido Democrata, que teve que se mover. Caciques como o ex-presidente Barack Obama e a ex-líder da Câmara dos Representantes Nancy Pelosi, que antes hesitavam, saíram de cima do muro para defender a retirada da candidatura de Joe Biden. Após apenas uma semana, a resistência que durava um mês desmoronou.
Foi quando Biden publicou uma carta em que se retirava da disputa presidencial e deixava a pista aberta para uma nova indicação à corrida. Como uma decisão dessas também é muito excepcional, o noticiário mudou abruptamente e agora as manchetes se voltaram todas para o campo governista. Além disso, as doações para a campanha democrata dispararam e agora, as estratégias das duas campanhas terão que mudar completamente.
A vice-presidente Kamala Harris caminha para se consolidar como a indicação do Partido Democrata, que ocorrerá na segunda metade de agosto. Até lá, as especulações sobre a nova candidata, bem como a indicação a vice na chapa, serão um tema permanente. Além disso, Harris é conhecida por sua forte capacidade de oratória. O seu primeiro discurso como pré-candidata adotou um tom contundente de ataque a Trump, com adjetivos como ‘trapaceiro’, ‘predador’ e ‘fraudador’. Por tudo isso, a campanha será outra, e os tiros do sniper republicano em Butler, Pensilvânia, poderão ter mudado por completo as eleições de 2024.
*Luiz Domingos Costa é professor de Ciência Política do Centro Universitário Internacional Uninter.
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VALQUIRIA CRISTINA DA SILVA
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