No mês em que se celebra o Dia Internacional da Luta pelos Direitos da Mulher, o cooperativismo mineiro tem muito o que comemorar. O modelo de negócios gera cerca de 55 mil empregos diretos no Estado e 53,6% dessas vagas são ocupadas por mulheres, conforme dados levantados pelo Sistema Ocemg, entidade que representa o segmento em Minas Gerais. São perto de 30 mil colaboradoras, o que corrobora o protagonismo feminino nesse setor. “O Sistema Ocemg valoriza e estimula cada dia mais a participação e a permanência das mulheres nas cooperativas, pois reconhece a força do trabalho e a capacidade de gerir com criatividade, inovação e competência”, diz o presidente da entidade, Ronaldo Scucato.
Em 2022, o Sistema Ocemg fundou o Comitê Estadual de Mulheres, com o objetivo de contribuir na construção de propostas e projetos que estimulassem a presença e a representatividade feminina, tanto no quadro social quanto na governança das cooperativas.
Entre as ações efetivas, o Comitê participa da realização dos encontros estaduais de mulheres cooperativistas do Sistema Ocemg, que acontecem anualmente (este ano, o evento está programado para os dias 23, 24 e 25 de maio, em Belo Horizonte).
Além disso, vem participando de workshops regionais, promovidos pela Casa do Cooperativismo, num esforço para apoiar a implantação de comitês de mulheres pelas próprias cooperativas. Em 2023, percorreu cinco municípios com esse intuito: Governador Valadares, Uberlândia, Montes Claros, Varginha e Piumhi. Como resultado, foram constituídos 15 comitês de mulheres ao longo do ano, por cooperativas sediadas nessas cidades. “Estamos disseminando uma formação para a equidade de gênero e a diversidade no cooperativismo”, afirma Scucato.
O protagonismo feminino tem crescido nas cooperativas mineiras e se espalhado pelo Estado. Alguns exemplos estão aí para serem seguidos. Já em 1998, Beatriz Ribeiro do Valle Antonelli participou da concepção da Cooperativa dos Profissionais de Educação em Guaxupé (Coopeg) e da fundação da Escola Interativa, a ser gerida pela Coopeg. Hoje, é diretora-presidente da organização. Ela conta que desde o início esteve à frente do processo, integrando o conselho administrativo e ocupando posições de comando. “A realidade pede diversidade em todas as empresas, e nós cooperativas não ficamos atrás”, diz ela.
Para Beatriz, a mulher tem um grande diferencial para a gestão: ela pensa no bem-estar comum e sabe como chegar a um objetivo sem deixar que o lucro se sobreponha aos valores. No entanto, reforça que não acredita em liderança sem preparo8 e que é importante se capacitar. “Precisamos incentivar as mulheres cada vez mais, como tem feito o Sistema Ocemg ao dar voz a elas, nos encontros de mulheres e nos comitês. Nesses fóruns, a diversidade de idades, funções e ramos permite que a experiência e os sonhos se juntem para um crescimento consistente”.