Posteriormente a morte de um policial federalista em confronto com uma partido criminosa na Bahia, na última sexta-feira (15), o profissional em segurança pública Leonardo Sant’Anna critica a atuação dos gestores estaduais.
“Eles acreditam que armas de baixa qualidade, um volume pequeno de pesquisa, viaturas e quantidade de profissionais é o suficiente para confrontar o crime que hoje o Brasil enfrenta. Essa não é a realidade, principalmente em um momento que falamos que a modernização não faz parte do que muitos dos estados resolvem investir, principalmente o estado da Bahia ao longo dos últimos anos”, argumenta.
Para o profissional, as forças de segurança do Brasil têm dificuldade em comprar ferramentas para uma atuação mais eficiente. Ele defende mais investimentos em logística, capacitação e treinamento e compara o quadro atual de violência no país com o que os Estados Unidos enfrentaram ao adentrar no Afeganistão e no Iraque.
Como o Brasil 61 mostrou, a Bahia é o segundo estado mais violento do Brasil, de pacto com o Anuário Brasílio de Segurança Pública 2023. O levantamento foi realizado pelo Fórum Brasileira de Segurança Pública (FBSP).
Os dados mostram ainda que o estado possui o maior número de cidades violentas no país. Dos 50 municípios elencados na lista, 12 estão na Bahia. São eles: Jequié, Santo Antônio de Jesus, Simões Fruto, Camaçari, Feira de Santana, Juazeiro, Teixeira de Freitas, Salvador, Ilhéus, Luís Eduardo Magalhães, Eunápolis e Alagoinhas.
A Bahia também é o segundo pior estado na solução de questionário policial por homicídio, com somente 17,24% de resoluções no ano de 2022. O estado fica detrás somente do Rio de Janeiro que possui uma taxa de 11,8%. Os dados fazem secção do estudo realizado pela Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol), a partir de dados das polícias civis e da Polícia Federalista.
De pacto com dados do Instituto Incêndio Cruzado — entidade que usa tecnologia para produzir e propalar dados abertos e colaborativos sobre violência armada —, em agosto foram mapeados 186 tiroteios, que resultaram na morte de 163 pessoas e deixaram 45 feridas em Salvador e na região metropolitana.
Do totalidade de tiroteios, 64 deles ocorreram durante ações e operações policiais e 19 em meio a disputas entre grupos armados. Salvador e Camaçari foram os municípios com maiores números de violência armada.
Para o profissional em segurança pública e membro do Fórum Brasílio de Segurança Pública, Cássio Thyone, esses números refletem o aumento de registros de ondas de violência que vem ocorrendo em regiões da capital baiana e em municípios do interno do estado.
“O estado da Bahia não tem feito a lição de casa, no que diz respeito a tratar a segurança pública com a prioridade e com as ações assertivas que a gente espera que o estado viesse a fazer. Os índices de criminalidade na Bahia estão realmente ruins. São vários índices não só de crimes letais, como homicídios. Tem a questão da letalidade da polícia também, feminicídio e outros — além também de crimes contra o patrimônio que têm crescido bastante no estado”, diz.
Forças de segurança localizam quinto suspeito de atirar em agentes na Bahia
Operação de sexta-feira (15)
A Operação Fauda foi deflagrada pela Força Integrada de Combate ao Violação Organizado (FICCO), na manhã de sexta-feira (15) contra uma partido ligada, de pacto com a SSP, ao tráfico de drogas, homicídios e roubos. Um agente e cinco suspeitos foram atingidos e morreram em confrontos. Outros dois agentes — um da PF e um da Polícia Social da Bahia (PC-BA) — ficaram feridos, segundo a PC-BA.
O policial federalista Lucas Caribé Monteiro de Almeida faleceu na sexta, em Salvador. Em nota, a Polícia Federalista lamentou a morte do agente e afirmou que “está empenhada e acompanhando de perto a investigação das circunstâncias que envolveram o falecimento”.
Conforme informações divulgadas ontem pela PF, o diretor-geral em tirocínio, Gustavo Souza, foi a Salvador escoltar os fatos. “Também estão em deslocamento, equipes de policiais federais que atuam na inteligência e em grupos táticos da PF, além de blindados, para reforço da operação”, diz a Polícia Federalista.