Uma das formas de tratamento medicinal mais recente, para problemas articulares, na ortopedia, é a medicina regenerativa. Essa área de estudo data do final do século passado e visa a cicatrização de tecidos ou órgãos danificados através de células especiais, ou fatores de crescimento extraídos do próprio corpo.
As substâncias utilizadas são capazes de se transformar em qualquer outra célula do organismo, produzindo diversos tecidos, ou provocar o corpo para que haja a regeneração. Há, também, a possibilidade de implantes celulares com o mesmo objetivo de recuperação do lugar afetado.
Graças a esse tipo de tratamento, estudos tentam comprovar que doenças mais complicadas de serem tratadas, ou que precisam de técnicas invasivas, podem passar por essa técnica e terem efeitos positivos. Por isso, áreas como a cardiologia, a endocrinologia e a neurologia já concentram seus esforços em fazê-la realidade para os pacientes.
Além delas, a ortopedia passou a se preocupar com as respostas dadas pela medicina regenerativa, visando problemas que envolvem músculos, articulações, tendões, cartilagens e até ossos.
Na visão do ortopedista e especialista em pé e tornozelo, Tiago Baumfeld, “Questões que envolvem, por exemplo, o Tendão de Aquiles, podem ser vistas e cuidadas de forma mais completa e com respostas satisfatórias, ao fazer com que esse tecido possa ser regenerado. A ruptura dessa região causa muita dor e pode fazer com que a pessoa tenha mais dificuldade de andar ou ficar em pé. Nesse caso, a situação exige a realização de uma cirurgia, mas, após tê-la feito, a ortopedia regenerativa permite o crescimento de um tecido biologicamente mais forte na região e acelera a recuperação”.
Uma das formas de tratamento dentro da ortopedia regenerativa é feita com o uso de biológicos, que podem servir de caminho para a melhoria da situação em que o paciente se encontra.
Dentre as formas de usá-los, as mais conhecidas são com o uso de sangue autólogo (do próprio paciente) ou outros materiais vindos do corpo, como células progenitoras (células-tronco).
Os procedimentos mais famosos usados nesse casos passam pelo PRF (Fibrina Rica em Plaquetas), onde o sangue é centrifugado, o que causa uma separação com uma alta concentração de plaquetas, leucócitos e fibrina para acelerar e auxiliar a regeneração tecidual. Dessa forma, o material utilizado para a recuperação da cartilagem, articulação ou tendão é atóxica, visto que não passa pelo processo de adição de nenhuma outra substância.
Outra maneira de utilizar o sangue do paciente, por meio de uma centrífuga, é com o processo chamado PRP (Plasma Rico em Plaquetas). Quando comparado ao PRF, seus efeitos e processo são bastante semelhantes, além de terem como matéria prima o que está presente no sangue. Entretanto, o que os faz ser diferentes é que o plasma recebe outras substâncias sintetizantes. Mesmo assim, ambos são rápidos e indolores, liberando o paciente logo após o procedimento, o que demonstra as poucas divergências entre eles.
Além deles, outra forma de utilizar material genético do paciente é com o Aspirado de Medula Óssea. Ela está presente em diversos ossos do corpo e contém diversas células chamadas de progenitoras. As mais famosas delas, para o público geral, são as células-tronco. Esse tipo de tratamento deve seguir estritos parâmetros anatômicos e ajuda na reconstituição dos mesmos tipos de tecidos dos outros tratamentos.
No entanto, muitos desses procedimentos ainda passam por fases de estudos, não sendo utilizados em sua totalidade em todos os países, apesar de se mostrarem promissores no que se propõe a fazer.
“A grande vantagem da medicina regenerativa na ortopedia é que muitos tratamentos tradicionais ainda falham em trazer uma cura, em fazer com que a dor suma de forma definitiva. Atualmente, a maioria das estratégias está em diminuir o sofrimento causado pelo problema e ajudar o paciente a aguentar a rotina. Com a chegada dessas novas técnicas e seus estudos, a ideia principal é, de fato, encerrar todas as queixas, dores e necessidade de conviver com um desconforto frequente”, como explica Baumfeld.