Segundo dados da PNAD, referentes ao último trimestre (outubro, novembro e dezembro de 2023), a média salarial do setor de alimentação fora do lar teve aumento de 3,6% em comparação ao mesmo período de 2022. O valor atingiu R$1.974 e em setembro do mesmo ano, o salário de quem trabalha nos bares e restaurantes chegou à maior média de sua história: R$2.011.
Apesar do aumento, o salário de quem trabalha no ramo da alimentação fora do lar ainda é considerado um dos mais baixos, principalmente pelo fato do setor empregar mais pessoas sem qualificação: segundo pesquisa da Abrasel realizada no ano passado, 93% dos estabelecimentos de alimentação fora do lar contratam pessoas sem experiência.
Para atrair mão de obra e até mesmo driblar a alta rotatividade dos empregados, os donos desses estabelecimentos tem investido em treinamentos para capacitar as pessoas sem experiência, além de oferecer benefícios e planos de carreira. Segundo a mesma pesquisa, 74% das empresas têm políticas de ascensão profissional.
Hoje, Paula Orton é gestora de um restaurante em Brasília. A trajetória dela no setor começou há mais de 10 anos, quando ela foi contratada para ser freelancer em um estabelecimento na Asa Sul da cidade. Dentre as atribuições, estavam limpar mesas, higienizar talheres e outras atividades. Ela era chamada quando não havia trabalhadores disponíveis.
“Minha oportunidade inicial foi de cumim; depois virei garçonete, fui para líder de fila e alcancei a gerência. Eu fiquei cerca de nove anos nessa empresa e ascendi, tanto de cargo quanto financeiramente. Saí deste emprego e já iniciei no que estou hoje como gerente e já consegui o cargo de gestão”, afirma.
A partir de um plano de carreira e da dedicação dentro da empresa, ela passou a subir de cargo, mas destaca: além do esforço do funcionário, é essencial ele seja reconhecido. “Eu me dediquei muito, mas também fui reconhecida no setor e fiz a minha vida por meio disso. Então desde a época de cumim até me tornar gestora, foi um caminho árduo, mas minha carreira é nisso. Eu não vejo a minha vida sem trabalhar em bares e restaurantes. É o que eu sei e amo fazer”, completa.
170 mil novas vagas em 2023
Ainda segundo a PNAD (índice que mede os empregos formais e informais) divulgada em fevereiro deste ano, os bares e restaurantes foram um dos setores que mais contrataram no ano passado: foram criadas 170 mil novas, representando um aumento de 3,3% – acima da média nacional, que foi de 0,9%. Atualmente, o setor emprega 5,5 milhões de pessoas de norte a sul do país, se aproximando da quantidade de pessoas empregadas no período pré-pandemia (5,8 milhões).