Por Ana Franco Toledo – advogada
A rede de supermercado Dia entrou esta semana com pedido de recuperação judicial perante a justiça. As dívidas da empresa chegam a R$ 1,1 bilhão. O pedido vem na esteira do anúncio de reestruturação das operações da empresa no Brasil, com o fechamento de 343 supermercados, 3 centros de distribuição, e a concentração das atividades apenas no Estado de São Paulo, que continuará a contar com 240 unidades.
A história da rede iniciou-se em 1979 em Madrid, tendo iniciado sua expansão internacional por Portugal em 1993, passando à Argentina em 1997 e, no Brasil, em 2001. O nome da empresa é a sigla de Distribuidora Internacional de Alimentos.
O pedido de recuperação afeta somente a empresa no Brasil, não impactando as atividades da rede de supermercados na Espanha ou na Argentina, apesar de ter encerrado 500 lojas em Portugal em 2023.
Dentre as causas para as dificuldades financeiras, a marca indica o aumento do preço das commodities com a pandemia de covid-19 e, posteriormente, com a guerra na Ucrânia, impactando negativamente nos preços dos alimentos, especialmente soja, milho e trigo.
De acordo com o pedido de recuperação judicial, o faturamento de 2023 foi de R$ 3,9 bilhões, com rentabilidade negativa (-8,1% de EBITDA) sendo que espera-se uma queda, com o encerramento das unidades, para R$ 2,5 bilhões em 2023, esperando-se uma rentabilidade positiva de 2,5% na margem do EBITDA.
O processo de recuperação judicial é um recurso que pode ser utilizado por empresas de diversos setores e portes para o reequilíbrio de suas contas, a retomada de suas atividades, a manutenção de postos de trabalho e especialmente a preservação da atividade empresarial. Deve ser orientado por advogados especialistas neste tipo de ação, pois a adoção da estrutura jurídica equivocada pode acelerar, ao invés de evitar, a quebra da empresa.