Vivemos tempos apressados. No espaço de apenas algumas décadas, acompanhamos o surgimento dos PCs, da internet e dos telefones celulares, que evoluíram para os smartphones e, posteriormente, para os wearables (vestíveis). As ondas de choque geradas por essas tecnologias ainda são sentidas na maneira como trabalhamos, nos comportamos, nos relacionamos e escolhemos nossos líderes
Tempos turbulentos, portanto. E ainda assim, o potencial transformador causado pela IA Generativa talvez seja maior que todas as outras evoluções. Isso porque as outras tecnologias são aceleradoras da capacidade humana e de processos necessários em nosso dia a dia, de comunicação a logística, de produção à gestão. Mas não substituem ou se comparam à habilidade humana em raciocinar e criar, que é exatamente o caso da IA Generativa.
Diferente do tear mecânico, do avião e do smartphone, essa tecnologia não apenas nos ajuda a fazer algo melhor ou de maneira mais eficiente, mas realiza tarefas cognitivas, antes unicamente reservadas aos humanos.
A IA Generativa escreve, desenha, cria vídeos e música, seleciona, resume, compara, calcula e ensina; aprende mais rápido e pode tomar decisões de alta qualidade numa infinidade de tarefas.
Comando dezenas de cientistas e técnicos que, a cada dia, descobrem aplicações para esta tecnologia que, há 18 meses, acreditávamos serem impossíveis para uma máquina.
O ano passado foi um ano de espanto e descoberta, em que não economizamos recursos para testar os limites, melhores práticas e perigos de um conjunto de algoritmos que parecem um kit de alquimia, mesmo para nós que temos anos de experiência em Inteligência Artificial.
Ao aplicar corretamente essa poção mágica feita de bits, quase tudo é possível. Tenho visto críticas tecnicamente corretas sobre os perigos e cuidados que devemos ter com a IA Generativa. Porém, boa parte dessas críticas esquece ou omite o ponto principal: quando utilizados de maneira correta, os modelos generativos entregam tanto ou mais do que prometem.
E o aprendizado sobre como usá-la está chegando rápido. Ao longo de 2023, testamos modelos e os refinamos, fizemos provas de conceito mais ou menos ambiciosas, entendemos o que fazer e não fazer e, principalmente, assistimos a uma corrida frenética de cair o queixo, travada com bilhões de dólares por todas as maiores empresas de tecnologia do mundo, as famosas big techs.
Esse cenário mostra que a tecnologia funciona. Já no final do ano passado, começamos a colocar projetos em produção, capazes de reduzir o tempo de execução de um número crescente de processos, antes executados apenas por pessoas, em 80% ou 90%. Neste ano, com a experiência acumulada, faremos muito mais, estimulando a adoção da tecnologia por outras organizações públicas e privadas, o que levará a um novo ciclo de aceleração.
A IA Generativa não passará ou perderá energia. Não agora, não no futuro que consigo enxergar, pois estamos tocando apenas a superfície do que ela pode e vai fazer.
Portanto, conseguir aplicá-la da maneira correta talvez seja o maior diferencial competitivo. Esse deve ser o foco das organizações que desejam se sobressair nessa corrida tecnológica cada vez mais frenética, disruptiva e desafiadora.
(*) Alex Winetzki é CEO da Woopi, empresa de Inteligência Artificial do Grupo Stefanini, referência em soluções digitais.