Com o clima favorável em grande parte de julho, a colheita do café robusta nas regiões produtoras brasileiras foi favorecida. No Espírito Santo, um dos principais produtores da variedade, cerca de 95% do total foi colhido. Segundo relatório do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) as florestas no estado devem iniciar em setembro.
Dados do relatório do mês de julho do Cepea ainda indicam que a colheita de café arábica está adiantada no Brasil. Para o arábica, na Mogiana e nas Matas Mineiras, colaboradores relataram colheita de 80% do total, e por volta de 65% no Cerrado Mineiro e no Sul de Minas. Garça (SP) e Noroeste do Paraná seguem com 55%.
De acordo com o Cepea, os preços médios dos cafés robusta e arábica recuaram entre os meses de junho e julho. A média de julho foi de R$649,29, queda de 8,07% (ou de R$ 56,97) para o robusta. Para o arábica, teve média de R$819,61 em julho, diminuição de 11,8% (ou de quase R$110) frente ao mês anterior.
Segundo o pesquisador da área de café do Cepea, Renato Garcia Ribeiro, a oferta do produto é o que tem pressionado os valores dos cafés.
“Essa recuperação da oferta é o que tem ajudado muito a pressionar os preços tanto do arábica quanto do robusto. O robusto um pouco menos por conta de problemas de uma safra um pouco menor no Espírito Santo, que é o principal estado produtor, mas, no geral, a queda do arábica também pressiona o café robusto. Então como eu disse, a recuperação da oferta do produto é o que tem pressionado as cotações, por isso que a gente chegou a esses valores já mais baixos no mês de julho, perto do que a gente vinha vendo nos meses anteriores”, explica.
Para o pesquisador do Centro, as expectativas para a próxima temporada no país são positivas.
“Olhando para o futuro é a expectativa do desenvolvimento da próxima safra. A florada deve acontecer agora no mês de setembro e é importantíssimo que o clima caminhe bem para que se tenha novamente uma boa produção. Mas os fatores determinantes para o preço, com certeza, estarão extremamente ligados a esse começo do desenvolvimento da próxima safra, da florada e do clima no Brasil”, ressalta.
Dados da Companhia Nacional do Abastecimento (CONAB) estimam aumento de 15,9% (ou de 5,2 milhões de sacas) na produção de café arábica em 2023/24 frente à de 2022/23. No entanto, agentes de mercado consultados pelo Cepea indicam que produtores apostam em crescimento de cerca de 30% na produção em relação ao ciclo anterior.