São Paulo, junho de 2024 — A Dislexia é comumente associada à infância, quando as dificuldades de leitura e escrita são mais evidentes. No entanto, muitas pessoas só descobrem que possuem esse tipo de condição quando são adultas, depois de anos de dificuldades em tarefas que exigem leitura e escrita. A falta de conhecimento sobre o transtorno é uma das causas que leva a diagnósticos tardios, afetando as relações sociais e até mesmo o desempenho no trabalho. Com cerca de 7,8 milhões de pessoas com Dislexia no Brasil, o que representa aproximadamente 4% da população, identificar o quanto antes seus sintomas torna-se crucial para que seja fornecido o suporte adequado.
“Detectar a Dislexia na fase adulta pode ser mais complicado do que na infância, quando as dificuldades são mais visíveis. Em adultos, essas dificuldades podem ser mascaradas por estratégias desenvolvidas ao longo dos anos”, explica Juliana Amorina, Diretora-Presidente do Instituto ABCD, instituição referência em Dislexia e transtornos de aprendizagem no Brasil. “Temos relatos de pessoas em que o transtorno compromete a velocidade de leitura, a compreensão de textos complexos, a escrita coerente e a capacidade de seguir instruções escritas detalhadas”, completa a especialista.
Entre as principais formas de descobrir a Dislexia na fase adulta estão:
Leitura: levar em consideração, por exemplo, se a pessoa tem dificuldade em compreender adequadamente o sentido de um texto; se há uma demora maior do que o normal para ler um texto ou se existe a necessidade de reler várias vezes o mesmo texto para que seja compreendido. “Com uma análise aprofundada, com ajuda de especialistas, é possível ter um diagnóstico preciso, permitindo estratégias de intervenção eficazes que ajudarão a entender melhor como lidar com as dificuldades de aprendizado associadas à Dislexia”, destaca Juliana.
Escrita: identificar se a pessoa tem alguma resistência em enviar mensagens em texto ou dificuldade na escrita ao trocar letras, apresentar esquecimento ou confusão em relação à pontuação e gramática e até mesmo o uso de letras maiúsculas fora do lugar são sintomas que podem revelar se um adulto tem Dislexia. “A escrita é muito importante em todas as etapas de nossa vida. Por isso, é necessário realizar adaptações que ajudem a melhorar tanto a leitura quanto a escrita, tornando não só o ambiente de trabalho mais inclusivo, mas ajudando até em tarefas simples como uma receita de algum quitute ou para ler uma história para o filho, pontua a Diretora-Presidente do Instituto ABCD.
Memória de curto prazo: outro ponto de atenção é entender se a pessoa confunde frequentemente números de telefone, tem dificuldades em realizar contas simples de cabeça ou possui dificuldade no planejamento, organização e manejo do tempo. Essas condições afetam os disléxicos que passam por muitas dessas dificuldades durante a vida. Além de interferir no trabalho, essas dificuldades podem resultar em atrasos frequentes, bem como levar a pessoa a fazer contas erradas na hora de receber um troco, por exemplo.
Para mitigar as adversidades e melhorar a qualidade de vida no dia a dia, é necessária uma maior compreensão sobre os desafios desse tipo de transtorno de desenvolvimento, inclusive para evitar sentimentos de inadequação que afetam negativamente a autoestima e a saúde mental das pessoas com Dislexia. “Terapia de linguagem, treinamento de leitura, memória e de habilidades de escrita podem ajudar os disléxicos a ter uma vida mais plena e demonstrar seu valor para a sociedade”, finaliza Juliana.
Sobre o Instituto ABCD
O Instituto ABCD é uma organização social sem fins lucrativos que, desde 2009, gera, promove e divulga conhecimentos com impacto positivo na vida de brasileiros com dislexia e outros transtornos de aprendizagem, garantindo sucesso na escola, no trabalho e na vida.
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