A crioablação se mostra como alternativa às cirurgias de câncer de mama em estágio inicial. A taxa de sucesso com esta terapia promissora é de 100% para tumores menores que um centímetro. Os resultados, obtidos a partir de um ensaio clínico multicêntrico que envolveu Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Hospital Israelita Albert Einstein e HCor (Hospital do Coração), preenchem uma lacuna sobre a efetividade do procedimento para o câncer de mama. O tratamento já é amplamente aplicado a neoplasias malignas de fígado, rins e próstata.
Os dados da investigação “Crioablação no tratamento de câncer de mama inicial: Resultados do estudo FIRST (FreezIng bReaST câncer in Brazil)”, segundo a mastologista Vanessa Monteiro Sanvido, professora adjunta e vice-chefe da Mastologia da Escola Paulista de Medicina (Unifesp), lançam luz sobre a potencialidade do tratamento para pacientes diagnosticadas em estágio inicial da doença.
“Os resultados que obtivemos sugerem a alta eficácia da crioablação no combate a tumores pequenos, com pouca chance de recorrência”, afirma Vanessa, que também é uma das coordenadoras da pesquisa.
Na crioablação para câncer de mama, uma agulha de pequeno calibre é introduzida no interior do tumor. Através desta agulha, o carcinoma mamário recebe gás argônio e hélio. Entre ciclos de frio, com temperaturas muito baixas, entre -140oC e -160oC, as células tumorais são congeladas. Posteriormente, a agulha é aquecida, e novamente resfriada, até que o tumor seja completamente congelado. Os especialistas acompanham todo o processo por ultrassom.
O estudo multicêntrico envolveu 34 pacientes, com idade média de 60 anos. As participantes apresentavam tumores de 0,5 cm a 1,9 cm. “Todas foram submetidas a dois ciclos de congelamento de 6 minutos, e descongelamento de 4 minutos”, explica a mastologista.
No estudo brasileiro a taxa de ablação completa, casos em que o tumor foi inteiramente destruído, foi de 88%. “Para tumores menores que um centímetro, a taxa de sucesso alcançou 100%”, comemora Vanessa.
Nos Estados Unidos e no Japão, pesquisas similares já demonstraram bons resultados com a técnica aplicada ao câncer de mama. Alguns experimentos sugerem a não necessidade de cirurgia para retirada do neoplasma maligno após a crioablação, uma vez que as células tumorais tornam-se inativas e o câncer não evolui.
Além de se mostrar uma terapia promissora, a crioablação oferece vantagens significativas. “Há vários pontos a considerar. A natureza minimamente invasiva do procedimento, a ausência de dor para a paciente e a possibilidade de realizá-lo de forma ambulatorial são aspectos muito positivos”, destaca.
De acordo com Vanessa Sanvido, a crioablação nos casos de câncer de mama em estágio inicial representa uma redução de custos associados ao tratamento. “Para as pacientes, oferece conforto e segurança, uma vez que contribui para evitar complicações associadas à hospitalização e à administração de anestesia geral”, conclui a mastologista.
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MAIKO DA CUNHA MAGALHAES
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