As empresas familiares, pilares da economia global, demonstraram uma resiliência notável diante da pandemia da COVID-19. Um estudo recente do Sebrae revelou que empresas familiares representam 90% das empresas no Brasil e empregam 75% da mão de obra, respondendo por mais da metade do PIB. Essa capacidade de adaptação e superação de crises está intrinsecamente ligada à forte identidade familiar que permeia esses negócios.
A identidade familiar, que vai além do simples vínculo sanguíneo, se manifesta através de valores compartilhados, um senso de propósito comum e um forte compromisso com a empresa. Esse alicerce sólido permite que as empresas familiares enfrentem desafios e tomem decisões estratégicas, mesmo em tempos de incerteza. No entanto, elas também são conhecidas por sua alta taxa de mortalidade. Estima-se que apenas 30% delas sobrevivam à segunda geração e 12% à terceira.
Entrevistamos Roger Michaelis, executivo com vasta experiência atuando como CFO, CEO e conselheiro em diversas empresas listadas e não listadas, que nos trouxe vários dados e cenários a serem observados.
A Causa?
A sucessão. A transferência da liderança entre gerações é um processo complexo, marcado por diferentes visões, valores e expectativas.
– A Baixa Taxa de Sobrevivência das Empresas Familiares
Estudos comprovam que a maioria das empresas familiares não sobrevive à segunda geração. As principais causas para essa alta mortalidade incluem:
Falta de planejamento sucessório: A ausência de um plano formal para a transferência da liderança gera conflito e incerteza entre os familiares.
Conflitos familiares: Disputas de poder, diferenças de valores e falta de comunicação podem levar à ruptura da família e à fragilização da empresa.
Falta de profissionalização: A gestão familiar nem sempre é profissionalizada, o que pode resultar em decisões ineficientes e falta de competitividade.
Desconexão com as novas gerações: Os membros das novas gerações podem não ter interesse em seguir na empresa familiar, buscando carreiras alternativas.
Para garantir a perpetuação e o crescimento das empresas familiares, é fundamental contar com um conselheiro especializado que atue em sete pilares estratégicos:
Indivíduos-chave: Em uma gestão profissional, os membros da família são sócios e também “atuam” como executivos.
Gestão de pessoas: Implementar uma cultura organizacional forte, com foco no desenvolvimento das pessoas e na construção de equipes coesas.
Estrutura de poder: Definir uma governança clara e eficiente, com papéis e responsabilidades bem definidos para cada membro da família.
Ativos: Proteger e valorizar o patrimônio da família, implementando práticas de gestão financeira e de investimentos sólidas.
Sociedade: Construir uma reputação sólida e engajar-se em práticas de responsabilidade social e ambiental.
Meio Ambiente e ESG: Integrar os princípios ESG (Environmental, Social and Governance) à estratégia da empresa, contribuindo para um futuro mais sustentável.
Legado: Construir um legado duradouro, alinhando os valores da família com os objetivos da empresa.
Cada um desses pilares contribui para fortalecer a identidade familiar e garantir a longevidade da empresa. A gestão de pessoas, por exemplo, cria um senso de pertencimento e fortalece a cultura organizacional, enquanto a estrutura de poder evita conflitos e promove a colaboração.
Quebrando o Ciclo de Mortalidade
Para aumentar as chances de sucesso, as empresas familiares precisam superar os desafios específicos de cada geração. Algumas medidas importantes incluem:
Planejamento sucessório: Definir um plano claro e transparente para a transferência do poder, com base em critérios objetivos e meritocracia.
Profissionalização da gestão: Implementar práticas de gestão profissionalizadas, com foco em meritocracia, planejamento estratégico e governança corporativa, e contratar talentos externos.
Comunicação aberta: Criar um ambiente de diálogo aberto e construtivo entre os membros da família para discutir os desafios, as oportunidades e o futuro do negócio.
Promover o diálogo entre as gerações: Criar um ambiente de diálogo aberto e construtivo para discutir os desafios e oportunidades da empresa.
Atrair e reter talentos da família: Desenvolver programas de treinamento e desenvolvimento para preparar os herdeiros e sucessores para assumirem seus papéis na empresa.
Criação de um conselho consultivo: Um conselho composto por membros experientes da família e profissionais externos pode oferecer orientação estratégica e ajudar na resolução de conflitos.
O Papel do Conselho Consultivo
O conselho consultivo pode ser um importante aliado na superação dos desafios da sucessão em empresas familiares. O conselho, composto por membros experientes e independentes, pode oferecer orientação estratégica, fomentar o diálogo entre as gerações e auxiliar na resolução de conflitos. As principais funções do conselho incluem:
Oferecer orientação estratégica: O conselho pode fornecer insights valiosos sobre o mercado, tendências e melhores práticas.
Ajudar na resolução de conflitos: O conselho pode mediar conflitos entre familiares e promover o consenso.
Supervisionar a gestão: O conselho pode monitorar o desempenho da empresa e garantir que os objetivos estejam sendo cumpridos.
Assegurar a profissionalização: O conselho pode promover a profissionalização da gestão e a implementação de boas práticas.
Preparar a próxima geração: Mentorar os futuros líderes, transmitir conhecimento e experiência, promover o desenvolvimento de habilidades.
Reflexão
As empresas familiares são um patrimônio valioso para a sociedade. A superação dos desafios da sucessão é fundamental para garantir a longevidade e o sucesso desses negócios. Através do planejamento sucessório, da profissionalização da gestão, da comunicação entre as gerações e do apoio de um conselho consultivo, as empresas familiares podem construir um futuro sólido e próspero.
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ALAIDE EVANGELISTA DA SILVA
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