por Jaime Minquini Perroti, especialista de produtos e aplicações na Mitsubishi Electric
Temos ótimas e más notícias sobre a reciclagem no Brasil. A boa é que o índice de reciclagem de latas de alumínio chegou a 99% em 2022. Mas, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, o País ainda só aproveita 4% dos materiais que poderiam ser reciclados.
A coleta de fluxo único é mais conveniente para os consumidores, o que reduz as barreiras à reciclagem e permite que um caminhão transporte todos os materiais juntos. Mas essas vantagens têm um problema: contaminação. Até 20% de qualquer carga de material de fluxo único pode ser imprópria para reciclagem, sendo os itens errados ou contaminados com sujeira, produtos químicos, água ou alimentos.
Todos os anos, as empresas de lixo selecionam cerca de 68 milhões de toneladas de materiais recicláveis, o que equivale ao peso de mais de 30 milhões de carros. Todos os materiais precisam ser separados em fluxos individuais – o alumínio não pode ser misturado com papel e plástico quando está sendo refundido para reutilização.
Essa separação pode ser feita no ponto de coleta, mas a maioria das cooperativas e centros de reciclagem recebe o material misturado. Com isso, uma etapa fundamental do processo ocorre em correias transportadoras, onde os trabalhadores devem separar os itens em categorias como papel, plástico e vidro. Esse trabalho é repetitivo, sujo e muitas vezes perigoso, especialmente em instalações onde os funcionários também precisam remover o lixo normal da mistura.
Novas aplicações para os robôs
Os robôs estão presentes há anos em linhas de montagem, como em montadoras de automóveis, onde realizam a mesma tarefa repetidamente. Mas agora eles estão atuando em diversas outras frentes, e as empresas estão descobrindo como combinar a robótica com a Inteligência Artificial para permitir que façam a diferenciação necessária ao separar os recicláveis.
Não é o tipo de tarefa de alto perfil normalmente associada ao aprendizado de máquina, como dirigir automóveis ou encontrar tumores cancerígenos em exames médicos, mas vai economizar dinheiro para as empresas de reciclagem e, por extensão, para os municípios.
Diversas empresas já estão utilizando a Inteligência Artificial para treinar sistemas em qualquer número de atributos diferentes de um objeto. Assim, uma vez que o sistema distingue entre plástico e vidro, por exemplo, um braço robótico é ativado para escolher os itens-alvo.
Especialistas acreditam que o futuro da gestão de resíduos está nas mãos da IA e da robótica. Os avanços nessas áreas e na IoT têm o poder de otimizar o processo de gerenciamento de materiais. Ambas as tecnologias são importantes para automatizar a reciclagem e a recuperação do lixo, com robôs que estão se tornando mais inteligentes e sofisticados a cada ano.
E precisamos avançar rapidamente nos processos que envolvem a gestão de resíduos, com novas tecnologias que otimizem a reciclagem. Afinal, não queremos que o único robô responsável pela limpeza do planeta seja o WALL-E.
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ALAN COSTA SILVA
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