O setor de comércio e serviços da capital mineira, representado pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), lamentou o aumento de quase 10% do valor da tarifa dos ônibus coletivos. A entidade entende que esse reajuste, que entra em vigor no dia 1° de janeiro, irá prejudicar o planejamento administrativo e financeiro das empresas, bem como afetar o poder de compra da população.
“Solicitamos ao Executivo que houvesse um aviso prévio de, pelo menos, 30 dias para que os comerciantes pudessem se adequar ao novo preço da passagem. Infelizmente, isso não aconteceu e chegamos ao fim do ano sendo prejudicados por esses reajustes. Os lojistas da capital que, em sua maioria, são de médio e pequeno porte, terão que arcar com custos que não estavam previstos”, afirma o presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva.
Ainda de acordo com o dirigente, além do impacto imediato nos caixas das empresas, o reajuste também limita futuros investimentos. “À medida que o comerciante tem um aumento de custos e manutenção de seu negócio, ele precisa realocar verbas para conseguir manter o funcionamento básico, como é o caso do transporte dos funcionários. Nesse cenário, ele deixa de investir em outros pontos, como expansão, valorização do colaborador e, até mesmo, abertura de novos postos de trabalho”, explica.
Outro ponto levantado pela CDL/BH em relação ao reajuste diz respeito ao poder de compra da população. “Já vivemos um cenário onde as famílias estão mais cautelosas em relação ao consumo em função do aumento dos preços de diversos produtos, inclusive os de cesta básica. Com este novo aumento da passagem, o orçamento fica mais apertado e as pessoas tendem a reduzir o consumo, o que prejudica o desempenho do comércio, que é o principal gerador de empregos da cidade”, enfatiza Souza e Silva.
Além do impacto financeiro, a entidade destaca que o constante aumento do valor da passagem de ônibus provoca outras fragilidades na cidade, dentre elas as dificuldades na mobilidade urbana, o aumento de carros particulares em circulação e a descrença da população no poder público.
“Com a passagem mais cara, mais pessoas tendem a adquirir um veículo próprio, em especial motocicletas, que são mais baratas, e isso piora o trânsito e também aumenta o número de acidentes. Por consequência, o gasto dos hospitais públicos com o atendimento a essas vítimas também cresce. Em outro ponto, temos a animosidade da população em relação ao poder público e suas decisões. As pessoas sentem que, por mais que ela conteste e manifeste sua insatisfação com o transporte público, o valor do serviço é cada vez maior e a qualidade segue caminho contrário”, finaliza o dirigente.
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MARIA CRISTINA GOMES REIS
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