A inadimplência em condomínios representa um dos principais desafios para a gestão condominial, afetando diretamente a saúde financeira dos empreendimentos. O ano de 2023 fechou com um índice de inadimplência de 24,04% nos 4 mil condomínios analisados pela plataforma uCondo, evidenciando um aumento progressivo desde 2020, quando a taxa era de 14%. Esse crescimento reflete não apenas as dificuldades econômicas enfrentadas pelos condôminos, mas também a necessidade de adaptações nas estratégias de gestão condominial.
Fatores como o empobrecimento da população e o aumento da taxa Selic para 13,75% entre 2021 e 2022 contribuíram significativamente para esse cenário, levando muitas famílias a priorizar outras dívidas com juros mais elevados em detrimento das cotas condominiais. A pandemia da COVID-19 também teve papel relevante, causando perda de renda e aumento do endividamento das famílias, o que se refletiu diretamente na capacidade de arcar com as despesas condominiais.
Em meio a esse contexto, a gestão eficiente do fluxo de caixa surge como uma estratégia fundamental para as administradoras de condomínios. A previsão e o monitoramento da inadimplência permitem a adoção de medidas preventivas, garantindo que não falte dinheiro para o pagamento das contas. Além disso, a conformidade legal e a contratação de seguros representam mecanismos adicionais de proteção para os condomínios, mitigando riscos financeiros.
Gustavo Ferreira, CEO da administradora de condomínios Fesan, destaca a importância de uma abordagem multifacetada para o enfrentamento da inadimplência: “É essencial implementar uma gestão financeira rigorosa, aliada a estratégias de negociação e acordos com inadimplentes. O uso de tecnologias para o monitoramento financeiro e a comunicação transparente com os condôminos são práticas que podem contribuir significativamente para a redução dos índices de inadimplência”.
Os dados do SíndicoNet reforçam a necessidade de uma gestão ativa, oferecendo orientações e legislação atualizada sobre o tema, além de soluções práticas como o corte de água e a aplicação de multas para inadimplentes contumazes. Essas medidas visam não apenas a recuperação dos valores devidos, mas também a manutenção da qualidade de vida e dos serviços nos condomínios.
A inadimplência nos condomínios é um problema complexo, que demanda atenção e ação coordenada por parte das administradoras e síndicos. A implementação de estratégias eficazes, juntamente com uma gestão financeira sólida e o compromisso com a transparência e o diálogo com os condôminos, pode mitigar os impactos financeiros e garantir a sustentabilidade dos empreendimentos condominiais.