A Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência, parceria do Itaú Cultural com o IEA-USP, realiza seminário para discutir o livro Emergências Culturais: Instituições, Criadores e Comunidades no Brasil e no México, lançado no primeiro semestre pelo IEA e pela Edusp. O evento acontece no dia 25 de outubro, quarta-feira, a partir das 10h, no Auditório do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM), no Parque do Ibirapuera, São Paulo, com a participação dos autores e convidados. O evento é público e gratuito e a capacidade do auditório é de 150 pessoas. Haverá transmissão ao vivo pela internet: https://www.youtube.com/c/IEAUSPSP.
A programação do lançamento inclui apresentação do livro pelo antropólogo cultural argentino radicado no México Néstor García Canclini, comentários dos demais autores, de jornalistas e gestores culturais, e de pessoas entrevistadas nas pesquisas, como o historiador Célio Turino, da diretora fundadora do Núcleo Afro-Brasileiro de Teatro de Alagoinhas (Nata) Fernanda Onisajé (Alagoinhas, Bahia) e da produtora cultural e escritora Valquíria Volpato. Também haverá a participação de artistas e apresentação do site Diálogos com Canclini no Brasil, onde estão reunidas informações sobre o antropólogo, obras para download e registros das atividades realizadas na Cátedra Olavo Setubal durante sua titularidade. Veja a programação detalhada abaixo.
Quinto volume da coleção de livros da cátedra, a obra traz textos de Canclini, dos pesquisadores em pós-doutorado Juan Ignácio Brizuela e Sharine Machado C. Melo e da antropóloga Mariana Martínez Matadamas, assistente de Canclini.
Os trabalhos são resultantes da pesquisa A Institucionalidade da Cultura e as Mudanças Socioculturais, coordenada por Canclini de 2020 a 2022, período de sua titularidade na cátedra. Na pesquisa, os quatro autores investigaram as transformações que vêm afetando, nos últimos anos, instituições culturais, artistas, trabalhadores da cultura e públicos, impacto adensado e agravado em função das limitações impostas pela pandemia de Covid-19.
Na introdução do livro, Canclini retoma os principais conceitos que atravessam sua obra: instituições, comunidades e criadores. Sharine Melo, que é gestora cultural na Funarte e doutora em comunicação e semiótica pela PUC-SP, discorre sobre os legados históricos que abriram caminhos para que a Lei Aldir Blanc fosse implementada, além de apresentar trechos de entrevistas e dados estatísticos sobre a implementação do programa.
Juan Brizuela, doutor em cultura e sociedade pela UFBA, trata das contradições que envolvem a institucionalidade dos pontos de cultura no Brasil e em países da América Latina. No capítulo final, Mariana Matadamas e Canclini abordam as políticas institucionais no México, com especial atenção a ações contra monumentos, que condensam formas de opressão de gênero, colonial e de elites, bem como ações de resistência.
Lei Aldir Blanc e Pontos de Cultura
Analisada por Melo, a Lei Aldir Blanc foi uma medida emergencial que destinou R$ 3 bilhões aos setores artísticos e culturais brasileiros para enfrentamento da crise econômica e social decorrente da pandemia de Covid-19.
Os recursos foram transferidos pelo governo federal aos estados e municípios de modo que toda a execução das ações foi descentralizada. Além de ter sido, na época, o maior investimento em uma política pública para a cultura e as artes no Brasil, a lei Aldir Blanc chamou atenção por ter sido a concretização de um trabalho coletivo de artistas, trabalhadores da cultura e gestores, mobilizados na contramão das políticas culturais adotadas pelo governo de Jair Bolsonaro.
Alguns dos principais integrantes dos movimentos que levaram à Lei Aldir Blanc foram os representantes de Pontos de Cultura, tema estudado por Brizuela. O Ministério da Cultura define os pontos de cultura em seu site como “coletivos e entidades de natureza ou finalidade cultural que desenvolvem e articulam atividades culturais em suas comunidades, reconhecidos, certificados ou fomentados pelo Ministério da Cultura por meio dos instrumentos da Política Nacional de Cultura Viva”. Lançado em 2004 e transformado em lei em 2014, o programa busca “valorizar a cultura de base comunitária, a articulação em rede e a gestão compartilhada, com base nos princípios da autonomia, protagonismo e empoderamento da sociedade civil”.
Políticas culturais no México
No capítulo dedicado às políticas culturais mexicanas, Canclini e Mariana Matadamas apresentam as particularidades do México em relação a outros países latino-americanos, entre eles o Brasil. O texto aborda a maneira como movimentos sociais e partidos de oposição afetaram as instituições de Estado e a sociedade mexicana a partir dos anos 1980, especialmente no que diz respeito à lógica globalizada neoliberal. Também são estudados acontecimentos recentes, como os relacionados com o governo de Andrés López Obrador, iniciado em 2018, e com a irrupção da pandemia, em 2020.
A relação entre os movimentos sociais e os monumentos culturais e artísticos também é abordada no capítulo. Canclini e Matadamas analisam os monumentos como modos de representar histórias nacionais e torná-las presentes na vida urbana. Em alguns momentos históricos, projetos monumentais foram maneiras encontradas para reforçar a identidade nacional, segundo os pesquisadores. No entanto, muitos deles vêm sendo ressignificados por meio de pichações, grafites e outras formas de intervenção. Essas ações, segundo os autores, são pontos importantes para o estudo da cultura e das instituições contemporâneas.
10h
Discurso performático
Andreia Duarte (curadora, artista e diretora da Outra Margem e do !PULSA! Movimento Arte Insurgente)
10h10
Abertura
Martin Grossmann (coordenador acadêmico da cátedra)
Luciana Modé (coordenadora do Itaú Cultural)
Cauê Alves (curador-chefe do MAM)
10h20
Expositores
Néstor García Canclini (UAM, México)
Célio Turino (historiador)
Onisajé (Núcleo Afrobrasileiro de Teatro de Alagoinhas)
Valquíria Volpato (produtora cultural e escritora)
Moderadora
Ana Paula Sousa (revista Carta Capital)
11h10
Intervalo
11h20
Roda de Conversa
Autores: Néstor García Canclini, Juan Ignacio Brizuela, Sharine Machado C. Melo e Mariana Martínez Matadamas
Comentaristas: Ana Lúcia Pardo (Alerj), Nando Zambia (Oyá L´adê Inan Ponto de Cultura em Alagoinhas – BA), Florência Ferrari (Ubu Editora), Paula Alzugaray (revista seLecT_ceLesTe), Alessandro Azevedo (MinC) e Daniele Canedo (UFRB e UFBA)
12h
Resposta dos autores
12h30
Comentários do público e encerramento
SERVIÇO
Seminário sobre o livro Emergências Culturais: Instituições, Criadores e Comunidades no Brasil e no México
Dia 25 de outubro (quarta-feira), às 10h
No Auditório do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM)
Transmissão ao vivo pelo link www.iea.usp.br/aovivo.
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