Recentemente, o governo federal lançou o aplicativo Celular Seguro como alternativa frente à epidemia de roubos e furtos de smartphones que o Brasil enfrenta continuamente. Para se ter ideia, levantamento apresentado do Fórum Brasileiro de Segurança Pública 2023 aponta que quase um milhão de celulares foram roubados ou furtados no Brasil em 2022, alta de 16,6% ante 2021. Embora a iniciativa seja digna de celebração, vale uma reflexão: apenas a ferramenta é suficiente para proteger os celulares, e claro, os cidadãos?
O recurso, disponível na versão web e em formato de app para sistemas Android e iOS, visa proporcionar maior segurança aos usuários por meio do bloqueio remoto. Para acessar, é preciso utilizar a conta do gov.br, cadastrar o telefone e os dados de pessoas de confiança, que poderão gerar um alerta em nome da vítima. Dessa forma, a solução irá bloquear de maneira ágil o IMEI junto à Anatel, assim como o acesso a todos os aplicativos de instituições integradas, como os de bancos.
Em apenas um mês de lançamento, mais de 700 mil pessoas baixaram a ferramenta, sendo que mais de 500 mil registraram seus números no Celular Seguro. Ainda no período, quase 4 mil telefones solicitaram o bloqueio, seja por roubo, furto ou simplesmente perda – destaque para São Paulo, com 25% dos bloqueios, representando mais de 100% de diferença para o Rio de Janeiro, que vem na segunda posição.
Contudo, seus muitos benefícios, ainda não conseguem mitigar eventos que crescem e assustam os brasileiros, como sequestros do dono do dispositivo (já que o bloqueio não é uma opção enquanto for uma vítima para liberar transações), bem como o ressarcimento do aparelho ou, em outras palavras, do prejuízo financeiro. Além disso, sua eficácia, ao longo do tempo, deverá ser constantemente monitorada, uma vez que cibercriminosos buscam várias maneiras de contornar as tecnologias.
Diante desse cenário, o mercado de seguros para celular tem justamente como principal objetivo reconectar o cidadão vitimado com um smartphone igual ou melhor no menor tempo possível. Afinal, uma coisa é se proteger do uso do telefone subtraído e a outra é lidar com o fato de que, após o incidente, o indivíduo não terá mais um celular em mãos e precisará seguir sua vida normalmente. Além do mais, esses seguros frequentemente cobrem danos acidentais, como quedas, derramamento de líquidos, danos à tela e até mesmo problemas relacionados ao software.
Ainda vale lembrar que medidas básicas de segurança devem seguir no dia a dia de todos, como se atentar ao uso do aparelho em determinados lugares, fazer backup de dados e fotos, atualizações etc.
Enquanto o governo busca oferecer uma solução abrangente, que já é muito bem-vista, os seguros para celulares apresentam vantagens que não podem ser ignoradas. De qualquer forma, é muito bom observar o avanço da tecnologia e da comunicação entre setores, o que reforça que muito mais está por vir. Precisamos acompanhar a evolução da ferramenta e as respostas que trará para que, assim, diferentes negócios possam colaborar com novas funcionalidades a favor dos brasileiros. Isso é apenas o começo de ações que têm o poder, inclusive, de baratear ainda mais as proteções para dispositivos eletrônicos em meio aos índices preocupantes de roubos e furtos.
*Marco Garutti é CIO da Pitzi, empresa que oferece proteção e seguro para smartphones no Brasil em parceria com varejistas e fabricantes