Francisco Alves
“Atecnologia é muito importante para a atividade da CBMM, porque o grande foco em nossa estratégia é o crescimento do mercado de nióbio. A CBMM tem uma reserva muito grande de nióbio e uma capacidade produtiva muito grande e o que falta é mercado, mais aplicações do nióbio”. É assim que o CTO da empresa, Rafael Mesquita, justifica os pesados investimentos feitos na área de tecnologia, que só em 2023 devem somar R$ 300 milhões e que, somados aos R$ 260 milhões investidos em 2022, elevam o montante destinado a essa área para R$ 560 milhões, certamente um dos maiores aportes feitos por uma empresa no desenvolvimento de tecnologias, mesmo em termos internacionais. Esse esforço foi reconhecido pelo público de Brasil Mineral, que elegeu a CBMM como Empresa do Ano do Setor Mineral, na categoria Inovação e Tecnologia.
Rafael Mesquita explica que desde a década de 1970 a empresa trabalha muito forte no crescimento das aplicações de nióbio, do qual é o maior produtor mundial, e isso faz com que a alavanca principal de sua estratégia seja o desenvolvimento tecnológico. Nessa linha, a CBMM procura trabalhar em parceria com os clientes – às vezes com os clientes dos clientes – e com instituições de ensino e pesquisa visando sempre desenvolver novas aplicações e fomentar o crescimento do uso do nióbio.
O foco principal do desenvolvimento tecnológico tem sido o uso do nióbio em aços, que hoje representa a maior fatia de mercado para a companhia. “O nióbio hoje é muito usado em aços, como um elemento químico que pode ser usado em diversas aplicações. Mas a característica principal do nióbio é fazer parte de outros materiais”, diz Mesquita.
O uso do nióbio na siderurgia começou com os aços para tubulação de gás, em que o nióbio proporciona uma segurança muito grande, porque essas tubulações são todas soldadas e o nióbio oferece a segurança necessária na parte da soldabilidade. Depois, o uso avançou em muitas outras áreas do aço, trazendo as mesmas características, isto é, segurança e aumento da resistência. A adição do nióbio permite se usar menos aço, tornando as estruturas mais leves, o que foi muito importante na indústria automotiva na década de 1990, quando o mundo começou a buscar redução de emissões e com isso os veículos começaram a ficar mais leves. Além disso, o nióbio contribuiu para dar mais segurança aos veículos, já que o aço com nióbio é muito mais resistente.
Assim, o grande o mercado hoje, no qual a CBMM mais investe em tecnologia, é na expansão do uso do nióbio na fabricação dos aços, em três grandes áreas: tubulações de gás (além do gás natural está sendo estudado o uso em tubulações de gases como nitrogênio e CO2), área automobilística e o setor de construção civil.
Mas a CBMM também está focando em outras áreas e a que desponta como mais promissora, conforme o CTO, é a de baterias, onde o nióbio traz vantagens em termos de segurança. Como explica Rafael Mesquita, o nióbio atua basicamente no ânodo da bateria, mas também no cátodo. “E esta é uma área de crescimento, porque os veículos elétricos estão crescendo muito e isso abre uma série de oportunidades importantes para o nióbio. Esse projeto começou relativamente pequeno e vem se fortalecendo desde 2019. Tanto que quase um terço do investimento em tecnologia é dedicado ao programa em baterias”.
Porém, a busca por novas aplicações para o nióbio não pára por aí. Existem algumas outras áreas, além da siderurgia e das baterias, como materiais nanocristalinos e fundidos. São áreas em que não se prevê um crescimento tão forte quanto em baterias, mas que também estão merecendo a atenção da empresa.
Veja a matéria completa na edição 434 de Brasil Mineral.