Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em agosto houve uma queda de 13,7% (US$ 33 bilhões para US$ 28 bilhões) no superávit na relação comercial entre Brasil e China, em comparação a igual período do ano anterior. As exportações brasileiras para o país asiático cresceram 1,9%, passando de US$ 67 bilhões até agosto de 2023 para US$ 69 bilhões no mesmo período de 2024. Já as importações brasileiras de produtos chineses aumentaram 16,7%, subindo de US$ 34 bilhões para US$ 40 bilhões. Para Rodrigo Giraldelli, especialista em comércio exterior entre Brasil-China e CEO da China Gate, especializada em consultoria sobre importação do país asiático, o comércio bilateral está se fortalecendo, com o Brasil mantendo sua posição como principal fornecedor da América Latina para o mercado chinês.
“A balança comercial é a diferença entre o que o Brasil exporta e importa da China. Em agosto, exportamos mais do que importarmos, com isso, temos um superávit com a China. Por exemplo, este ano o Brasil exportou US$ 69 bilhões e importou US$ 40 bilhões, tendo, portanto, um superávit de US$ 28 bilhões É 13% menor do que o mesmo período do ano passado, mas ainda assim é um ótimo superávit”, comenta Giraldelli.
O principal impulsionador do aumento nas importações foram os veículos, com um crescimento de 178%, seguido por produtos para a indústria química (36%) e móveis e mobiliários (30%). Por outro lado, alguns produtos apresentaram queda nas importações para a China. Entre eles, o minério caiu 97,8%, combustíveis diminuíram 72,8% e malte, amido e féculas reduziram 65,8%.
“O expressivo crescimento no setor automobilístico deve-se ao recente aumento do imposto de importação para carros híbridos e elétricos no Brasil. As novas taxas são de 25% para modelos híbridos, 20% para híbridos plug-in e 18% para carros totalmente elétricos, em vigor desde o dia primeiro de julho. Antecipando-se a essa mudança, as empresas intensificaram a importação desses veículos, buscando maximizar suas margens de lucro antes que as novas taxas entrassem em vigor, o que altera significativamente a balança comercial”, comenta o especialista em comércio exterior com a China há mais de 20 anos.
Em relação aos estados, os maiores aumentos na exportação para China foram Espírito Santo com 12,6%, o Pará com 6,1% e o Rio de Janeiro com 6%. Já com os maiores aumentos na importação o Espírito Santo continua liderando com 64,2%, Amazonas com 22,6% e Bahia com 20,5%. Rodrigo Giraldelli ressalta que o Brasil exporta muita commodity e importa produto final, ou seja, a industrialização fica na China. Para aumentar a economia o Brasil teria que industrializar mais.
“Apesar das variações, a tendência é de um crescimento contínuo e diversificado nas relações comerciais entre Brasil e China, beneficiando ambos os países. Através de um cenário de oportunidades e progresso mútuo, as expectativas para os próximos anos são de uma intensificação ainda maior do intercâmbio comercial entre China e América Latina, consolidando parcerias estratégicas e fortalecendo a economia regional. Diante dessa perspectiva, é fundamental que as empresas brasileiras aproveitem as oportunidades oferecidas pelo mercado chinês e busquem formas para expandir sua presença e competitividade nesse cenário globalizado”, finaliza Giraldelli.
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CARLA TIEKO ONAGA
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