Depois da divulgação do vídeo de uma pregação do Pastor André Valadão, um dos líderes da Igreja Batista Lagoinha, com discurso desqualificando mulheres que frequentam o ensino universitário, muitas pessoas estão comentando nas redes sociais sobre a fala retrógrada do líder religioso e as consequências para a vida de muitas mulheres. Para a psicóloga Bárbara Couto, esse tipo de discurso vindo de um líder religioso influente, com muitos fiéis, é extremamente prejudicial, já que líderes religiosos, assim, como pais, avós exercem papel de autoridade na vida das pessoas. “Essas palavras acabam sendo determinantes na formação de valores e de escolhas da vida de muitas pessoas. A fala dele sugere que mulheres que buscam independência financeira, pessoal, através da educação, estão sujeitas a serem vistas como moralmente inferiores e desvalorizadas. A gente precisa entender que impedir a educação superior é impedir um crescimento pessoal, intelectual e financeiro também”, explica Bárbara.
Educação é ferramenta de empoderamento e combate às relações abusivas
Bárbara Couto destaca que a educação superior é uma ferramenta fundamental para a construção da autoestima da mulher e para sua emancipação. “A auto estima da mulher é construída por vários fatores e um deles é através do próprio mérito acadêmico e profissional. É também uma ferramenta que possibilita a independência financeira para que saia e não seja mais submissa a relações que machucam”, afirma ela, acrescentando que “é exatamente a baixa autoestima e a falta de independência financeira que muitas vezes mantém essas mulheres em relações abusivas.”
A psicóloga também alerta para os perigos do discurso sexista de Valadão, que rotula mulheres que buscam a educação como ‘rodadas’ e ‘vagabundas’. “Quando se vincula a obtenção de um diploma universitário com suposta perda de moralidade e de valor pessoal, se incentiva que as mulheres sejam julgadas não pelo mérito acadêmico, pelo seu potencial, mas sim como conduta sexual. Falas assim apenas reforçam estereótipos machistas, aumentam a submissão da mulher, as afasta de conhecimentos e informações que podem salvar suas vidas. Com esse julgamento, ele não está sendo somente cruel, mas também desrespeitoso e desonesto. Quando ele usa esses termos pejorativos, sexistas, esse líder não só denigre as mulheres, mas as torna vulneráveis às relações abusivas”, disse Bárbara.
E termina enfatizando que “essa fala sugere que mulheres que buscam independência financeira, pessoal, através da educação, estão sujeitas a serem vistas como moralmente inferiores e desvalorizadas e isso pode encorajar relações abusivas, onde o controle sobre a vida das mulheres é justificado, sob a fachada de proteção, de orientação moral, mantendo essas mulheres presas nessa dinâmica de sofrimento.”
A psicóloga Bárbara Couto
Bárbara Couto é Graduada em Psicologia pelo Centro Universitário de Brasília (UNICEUB) e tem Mestrado em Psicologia Clínica e Saúde pela – Universidad Europea del Atlantico (UNIAtlântico), da Espanha.
Ela também tem Especializações em Terapia Cognitivo Comportamental e Neurociências e em Comportamento, ambas pela PUC-RS e em Neuropsicologia Clínica, pela Capacitar.
Bárbara Couto escreveu dois livros, editados pela Drago Editorial, em versões impressa e e-book. O primeiro “Permita-se”, sobre relacionamentos abusivos e libertação emocional. E o segundo “Aceita-se”, sobre tabus e necessidade da autoaceitação para sobreviver em uma sociedade que tem dificuldade em aceitar.
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CHRISTIANE PEREIRA COELHO
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