Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, no Brasil existem 72 diferentes facções criminosas vinculadas ao narcotráfico, das quais duas possuem atuação internacional. Ainda de acordo com o fórum, o faturamento das organizações corresponde a cerca de 65 bilhões de reais apenas pela comercialização da cocaína, valor equivalente a 0,5% do PIB Brasileiro em 2023.
Para o historiador De Leon Petta, este é um cenário mundial. Países que anteriormente eram vistos como referência no combate ao crime organizado, como Canadá e Estados Unidos, enfrentam crises de expansão das organizações criminosas. As exceções são os países do Oriente Médio, onde a política de tolerância zero é aplicada. O Afeganistão, por exemplo, o maior produtor de ópio do mundo, reduziu em 95% essa produção, por meio do combate às plantações de papoula, matéria-prima do ópio.
“O combate ocorreu de forma rígida no Afeganistão. Com a retirada das forças armadas dos Estados Unidos no país em 2021 e a retomada do poder pelo Talibã, a política local mudou para combater as drogas. As novas determinações levaram à diminuição drástica da produção de ópio, por meio das ações do governo local, que matou todos que eram envolvidos desde a produção até a comercialização dos entorpecentes”, explica o professor e doutor, De Leon Petta.
Muitas das instituições de crimes organizados possuem empresas terceiras para limpar o dinheiro conquistado ilegalmente. Essas companhias são compostas, na maior parte, por profissionais que não possuem o conhecimento da participação das organizações criminosas nas empresas. Com o combate ao crime organizado, realizado pelos governos, muitas desses estabelecimentos são fechados, com os trabalhadores sendo demitidos sem terem o conhecimento do real motivo de tal decisão.
Além do crime organizado, o Brasil possui um cenário com outro agravante: a crise demográfica. Segundo o censo de 2022 do IBGE, são nove milhões a mais de idosos no país, em comparação a 2010, enquanto o número de crianças entre 0 e 14 anos, passou de 45 para 40 milhões. O panorama preocupa devido ao envelhecimento da sociedade, com a consequente diminuição da população apta a trabalhar e o crescimento do número de dependentes do sistema de previdência social:
“Eu não duvido que até 2100 o Brasil que a gente conhece hoje deixe de existir, devido à crise demográfica. As perspectivas para o país não são positivas, para ocorrerem mudanças seria fundamental uma reforma no sistema judiciário e uma remodelação drásticas na legislação. Este será um século determinante para o futuro da nação”, comentou De Leon em entrevista ao Prodecast.
Apresentado pelo Doutor Clóvis Ferreira de Araújo, ex-Delegado de Polícia de São Paulo e atualmente advogado, o sétimo episódio do Prodecast trouxe um panorama global sobre as dificuldades no combate ao crime organizado, que vem se fortalecendo pelo mundo. O episódio completo está disponível no canal oficial da Prodetech no Youtube.
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GUSTAVO LANFRANCHI
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