Os níveis dos rios da Bacia Amazônica estão estáveis, de acordo com o 48º Boletim de Monitoramento Hidrológico, divulgado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB). A pesquisadora em geociências do SGB Jussara Cury informa que algumas estações apresentaram pequenas variações nos níveis, o que é comum nessa fase final da vazante.
“Iniciamos a semana com subidas menores no Rio Negro, em Manaus, e agora [ele] apresenta descidas. Mas de certa forma, essas oscilações fazem parte do processo de final de vazante, uma vez que os volumes que estão chegando nessa fase do Rio Negro são resultado das contribuições das regiões de cabeceira de semanas anteriores”, explica a pesquisadora.
O Rio Negro continuou a subir em Manaus, alcançando a marca de 13,22 metros. No entanto, em São Gabriel da Cachoeira, na região do Alto Rio Negro, houve uma queda de 14 centímetros no início da semana, e a cota atual é de 5,20 metros. Nessa estação, as mínimas históricas geralmente acontecem em fevereiro, indicando uma tendência de diminuição nos níveis.
Porto de Manaus. A foto acima mostra a cheia de 2021 e a abaixo a vazante de 2023. Foto: Serviço Geológico do Brasil (SGB)
O Rio Solimões, em Manacapuru, também registrou oscilações. A cota divulgada no boletim é de 3,54 metros. Cury informa que o Rio Solimões apresentou a recuperação do seu nível. Em Alto Solimões, o que contribuiu foram as chuvas isoladas na região, que estão se consolidando nesta semana.
“Para os prognósticos climáticos da semana seguinte, na Bacia como um todo, indicam chuvas distribuídas tanto da calha do Solimões quanto do Negro. Também apresenta recuperação no Madeira. Aliás, o Madeira tem apresentado subidas consideráveis, o que indica a recuperação nessa parte sul da Bacia do Amazonas”, explica Jussara Cury.
Veja os rios do Amazonas:
Impactos
Rodrigo Simões, economista e professor da Faculdade do Comércio, explica que a seca pode causar impactos negativos na economia do estado, como na taxa de inflação da região. “Então, com o custo do frete aumentando, a interrupção da energia elétrica e falta de produtos e matéria-prima tanto nas fábricas como para os produtores e isso faz com que a inflação medida na região a taxa se eleve chegando os produtos na mesa dos consumidores mais caros”, explica.
Segundo o economista, outros efeitos da seca podem atingir principalmente:
- A vida de comunidades que vivem da agricultura familiar nas várzeas dos rios;
- O setor de indústrias da capital amazonense, que deixou de receber peças, equipamentos e outros itens, prejudicando e comprometendo a produção.
“O impacto no PIB do estado certamente acontecerá e refletirá também no PIB do Brasil como um todo, pois a produção de riqueza nacional é a soma de todos os estados da federação. Mas só saberemos de fato o quanto impactou a economia da região e do país quando o IBGE divulgar os impactos”, completa Simões.
André Di Francesco, advogado e mestre em economia, aponta que pessoas que vivem na Amazônia dependem da floresta para subsistência, e a seca afeta a disponibilidade de recursos, como água e alimento.
“O reflexo direto na atividade econômica ocorre com a quebra das safras, e com isso, reflete diretamente no aumento da inflação, pois tem como consequência o aumento de alimentos que compõem a cesta básica para todas as pessoas. Com isso, temos a elevação de um dos indexadores do índice de preço ao consumidor final”, afirma o economista.
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