Uma pesquisa realizada com aproximadamente 1.116 pessoas entre acadêmicos, professores, técnicos e terceirizados de ambos os sexos nas Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Federal do Amazonas (Ufam) e do Instituto Federal do Amazonas (Ifam), abrangendo unidades da capital e do interior com o objetivo de avaliar a violência contra mulheres em espaços acadêmicos constatou que 38% afirmam ter sofrido algum tipo de violência no ambiente acadêmico nos últimos cinco anos.
Destes, 73% são mulheres, as maiores vítimas. Entre os registros está o assédio moral e sexual, estupro, racismo, xenofobia, homofobia e transfobia.
A pesquisa foi realizada através de formulários virtuais com o objetivo de analisar a prática da violência, principalmente contra as mulheres, para entender quais são as particularidades das violências nas universidades públicas do Amazonas. A pesquisa também buscou identificar as principais expressões de violências utilizadas nesses espaços.
O estudo foi realizado de 2019 a 2021 no âmbito do Programa Universal Amazonas, da Fapeam, e contou com parcerias da UEA, Ufam e Ifam.
Para o especialista em segurança pública, Júlio Hott, as violências em espaços públicos acontecem de forma velada, então estudar esse tipo de situação é importante para melhorar as políticas públicas do local.
“Essa pesquisa, ou melhor, o resultado dessa pesquisa é muito importante para direcionar uma análise criminal com políticas públicas para tentar diminuir essa violência que certamente é uma violência sentida pelos que estão nessa vida acadêmica. E pode melhorar uma política pública direcionada para isso. E uma pesquisa certamente demonstra essa violência. Uma violência que até então era mantida de forma velada, de forma oculta”, destacou o especialista.
Os resultados da pesquisa possibilitaram identificar a violencia ocorrida em ambos os sexos, apesar de que o sexo feminimo acaba sendo a maioria.
“Esse trabalho de pesquisa é importante também quando aponta essas diferenças e a violência causada dessas diferenças principalmente sobre as mulheres que pelo menos fisicamente é hipossuficiente em relação ao homem. Isso gera também uma possibilidade de violência. Embora a mulher intelectualmente, psicologicamente, mentalmente seja igual ou até melhor do que o homem, mas fisicamente em regra geral ela é hipossuficiente”, concluiu.
Os resultados da pesquisa conduziram à elaboração de artigos, debates em eventos científicos sobre a violência contra mulheres nas universidades, bem como à produção de uma cartilha, um pôster e um livro abordando diversos artigos relacionados ao tema.