Alan Turing, um grande visionário, propôs, em 1950, um teste para avaliar se uma máquina poderia imitar um ser humano de forma convincente, mas jamais imaginaria que, um dia, ela não só passaria no teste — como ultrapassaria os limites da percepção humana. O GPT-4.5, segundo estudos recentes, enganou 73% dos avaliadores. Isso, não é mais do que um marco. É um sinal de alerta.
A pergunta nunca foi “podemos fazer isso?”, mas sim “devemos fazer isso?”. Foi criada uma inteligência que consegue enganar, manipular, simular emoções. E, se usada sem princípios éticos e sem preparo da sociedade, essa façanha pode não apenas confundir, mas corromper a confiança entre humanos.
Acreditamos que a tecnologia, em essência, é uma extensão do ser humano. Deve ser uma ferramenta para a criatividade, empatia e transformação. O problema não é a máquina. O problema é a irresponsabilidade de quem a solta no mundo sem pensar nas consequências.
Podemos vislumbrar o GPT-4.5, pois podemos criar experiências personalizadas, transformar negócios, democratizar o conhecimento. Mas o que estamos vendo é uma corrida em que poucos pensam na alma por trás do código. Se uma IA pode se passar por um adolescente com timidez e senso de humor, quantos não irão usá-la para enganar, manipular, vender mentiras com voz de verdade?
Devemos estar cientes de que o perigo não é a IA ser humana. É nós começarmos a tratá-la como se fosse, e pior, começarmos a tratar os humanos como se fossem máquinas. A linha entre o real e o artificial está mais tênue, e quando isso acontece, os golpes ficam mais sutis, os discursos mais sedutores e o pensamento crítico mais frágil.
Não estamos condenados a um futuro distópico. Mas precisamos de educação crítica, ética no design e uma nova geração de pensadores que compreendam que a IA deve servir ao ser humano, não substituí-lo nem confundi-lo.
Criatividade, empatia, amor e intuição não são apenas algoritmos, são o que nos torna insubstituíveis.
Nós, humanos, temos a responsabilidade de não sermos enganados pelas criações que nós mesmos colocamos no mundo. A IA pode ser uma aliada. Mas precisamos lembrar: quem olha muito para a máquina, pode esquecer do espelho.
* Armando Kolbe Junior é mestre em Tecnologias, professor e coordenador de curso do Centro Universitário Internacional Uninter.
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JULIA CRISTINA ALVES ESTEVAM
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