Da década de 90 para cá, acompanhamos os avanços da digitalização nas empresas, com sistemas de gestão, de aumento de produtividade e de resolução de problemas, ainda em um estágio inicial, lançando mão da tecnologia na realização de tarefas consideradas mais operacionais, manuais e repetitivas, liberando a inteligência humana para atividades mais complexas.
Evoluímos, então, para um cenário de integração e automação entre esses sistemas, aumentando ainda mais a eficiência e a produtividade. E agora, especialmente nos últimos meses, passamos a vivenciar uma nova fase: a de automação da nossa capacidade cognitiva. Ou seja, além das atividades mais manuais, repetitivas e menos complexas, estamos na transição para a automatização da criatividade, decisão e de complexidade de análises – atividades que antes dependiam única e exclusivamente da inteligência humana. Isso, graças à IA.
Em sua essência, a Inteligência Artificial (IA) é a capacidade das máquinas de realizar tarefas que usualmente necessitam da inteligência humana. Isso inclui o aprendizado, o raciocínio, a solução de problemas e a compreensão da linguagem natural.
O tamanho da oportunidade atual para criar valor, seja aumentando receita e otimizando custos nas organizações, ou, ainda, evoluindo a Medicina e a Ciência por meio de tecnologias avançadas como a IA, é centenas de vezes maior do que foi com aplicações digitais das décadas anteriores.
À medida que os sistemas de IA se tornam mais sofisticados, aproximam-se cada vez mais da capacidade cognitiva humana. Os humanos são bons em analisar as coisas. As máquinas são ainda melhores!
Elas podem analisar um conjunto de dados e encontrar padrões nele para uma infinidade de casos de uso, seja fraude ou detecção de spam, previsão de sua entrega ou previsão de qual vídeo do TikTok mostrar na sequência. Ainda assim, se me fizerem a clássica pergunta, se acho que há motivo para pensarmos que máquinas podem vir a substituir nossa inteligência no futuro, afirmo categoricamente que não. Antes de tudo porque, nesse sentido, estamos sempre um passo à frente, ao menos até o momento. Além disso, porque diferentemente das possibilidades com tecnologia, a capacidade humana de colaboração para criar soluções é infinita. Cabe a nós sabermos como utilizá-la e controlá-la a nosso favor.
Os humanos não são bons apenas em analisar as coisas, também somos bons em criar. Escrevemos poesias, projetamos produtos, criamos jogos e desenvolvemos códigos.
Até recentemente, as máquinas não tinham chance de competir com os humanos no trabalho criativo, elas eram relegadas à análise e ao trabalho cognitivo mecânico. Agora, estão apenas começando a serem mais criativas e sensatas. Essa nova categoria é chamada de “IA generativa”, o que significa que a máquina está gerando algo novo, e não apenas analisando algo que já existe.
Os avanços com IA e sua multiplicidade de usos
Pensando ainda no avanço da tecnologia ao longo dos anos e no que representa a IA em termos de evolução, quero relembrar o conceito estabelecido lá em 1965, por Gordon Moore, cofundador da Intel – a gigante dos processadores –, que ficou conhecido como Lei de Moore, e dizia que o poder de processamento dos computadores dobraria a cada 18 meses. Isso sem fazer referência à sua empresa, já que ele mesmo não tinha certeza de que ela evoluiria nesse ritmo. Hoje, com a Inteligência Artificial, podemos afirmar que sua capacidade dobra a cada seis meses aproximadamente. Dessa forma, se projetarmos isso para o futuro, fica difícil mensurar o volume e capacidade que as IAs poderão atingir em muito pouco tempo.
A aplicação da IA é vasta e diversificada, abrangendo inúmeros setores da economia. Desde a saúde e a indústria até o setor financeiro e a agricultura, a IA está encontrando maneiras de otimizar processos e melhorar a eficiência.
Quando falamos em IA nas empresas, devemos ser precisos, trazendo soluções viáveis para casos específicos. Atualmente, as empresas que mais investem na ferramenta fazem parte dos setores financeiro, saúde e de serviços. O setor financeiro é um dos mais bem preparados no que diz respeito a toda essa evolução digital, com organizações que já atuam há algum tempo por meio de algoritmos, como no caso das análises de crédito e análises de fraude, por exemplo. São setores mais pragmáticos, em que qualquer bloqueio de mindset já foi derrubado e há confiança no modelo para tomada de decisão, o que faz com que a IA contribua para que avancem ainda mais.
No caso da Medicina, a discussão é um pouco mais complexa e ainda existem barreiras a serem quebradas, já que, trazendo a IA para esta realidade, falamos em um modelo que pode ser mais assertivo que um médico na tomada de decisões envolvendo a vida humana. Ainda assim, já vimos o uso de IA no suporte à Medicina Diagnóstica, com auxílio da ferramenta para visualização e laudo de imagens em Oncologia, por exemplo.
O fato é que, hoje, não existe cenário que não possa ser melhorado por meio da aplicação de IA. Os setores mais avançados em termos de tecnologia continuarão evoluindo e os mais conservadores tendem a repensar o assunto, lançando mão de algumas soluções e, aos poucos, quebrando os preconceitos que possam existir sobre o tema. São muitas oportunidades e o grande desafio das empresas é escolher caminhos mais efetivos, com direcionamentos mais adequados, tanto em termos de tempo, quanto de budget.
Se vale uma dica, eu diria para começar com uma ação pequena, que possa impactar e trazer resultados consistentes, gerando valor para o negócio. É preciso avaliar o melhor caminho a seguir, considerar as lições já aprendidas e ser certeiro nesse início para que, aos poucos, a empresa desenvolva maturidade no assunto para evoluir e avançar. O importante é dar o primeiro passo, resolvendo dores de negócios que criem valor, para passar pela fase de experimentação, aprender a errar e, então, estar mais preparado para reagir nesse cenário de mudanças pelas quais estamos passando agora, caminhando para a chamada onda da evolução cognitiva.
Atualmente, entre as 10 maiores empresas do mundo, mais da metade são do setor de tecnologia. Elas dominaram vários segmentos da indústria, como o automotivo, varejo, financeiro e saúde, justamente por conseguirem avançar rapidamente, no timing certo. O mesmo está acontecendo com a IA agora: muitos negócios serão impactados com seus avanços e muitas empresas ficarão para trás, já que estamos falando sobre uma evolução nos negócios muito maior do que víamos cinco ou 10 anos atrás.
*Anderson Paulucci é cofundador da Triggo.ai, startup focada em acelerar o desenvolvimento de produtos e soluções para Análise de Dados e Inteligência Artificial
Este conteúdo foi distribuído pela plataforma SALA DA NOTÍCIA e elaborado/criado pelo Assessor(a):
U | U
U