Imagine realizar, nos dias atuais, o teste proposto por Alan Turing em 1950, com uma Inteligência Artificial (IA)! A ideia central do teste de Turing continua sendo a mesma: determinar se uma máquina pode exibir comportamento inteligente indistinguível de um ser humano. Os modelos de IAs avançados, que possuem capacidades de linguagem natural muito desenvolvidas, redes neurais profundas (deep learning), e modelos de aprendizado de máquina avançados, são capazes de imitar a cognição e o comportamento humano. Dessa forma, podemos dizer que a IA substitui o relacionamento humano? Ou seria melhor pensar que a máquina tem potencial para transformar as relações humanas de forma significativa e positiva?
A IA não só pode assumir tarefas demoradas e complexas, mas também pode complementar de forma natural os esforços humanos, permitindo-nos dedicar mais tempo a nossos relacionamentos. Isso acontecerá desde que seja utilizada com responsabilidade e com o objetivo de mudar a vida das pessoas, além de contribuir com a evolução da sociedade. O segredo está em encontrar um equilíbrio, garantindo que o desenvolvimento da ferramenta seja feito de maneira ética e inclusiva. O impacto depende muito de como a tecnologia é implementada e gerida.
Neste sentido, é de suma importância que empresas e desenvolvedores tomem cuidado e tenham transparência com o que ensinam a IA e como alimentam os bancos de dados. Além disso, é importante estar atento para não repetir erros e vícios culturais do passado ao criar algoritmos, assim como seguir regulamentações claras para garantir que seu uso seja ético e responsável. A inteligência artificial, como qualquer outra tecnologia, pode se tornar o que quisermos que ela seja — é uma escolha nossa.
Outro ponto é que as ferramentas tecnológicas não se comparam a humanos em termos de sentimentos ou emoções reais. Na relação de humano para humano, podemos nos conectar de forma genuína e verdadeira e, cada vez mais, as pessoas sentem necessidade de se sentirem pertencentes a um grupo — por isso, as conexões continuarão sendo o maior ativo humano. É necessário entender que não precisamos temer a IA, mas sim aproveitar os benefícios que ela oferece. Uma pesquisa produzida pela Thomson Reuters em 2024 apontou que ao menos 51% dos profissionais acreditam que a Inteligência Artificial oferece melhor equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.
Não tenha dúvidas de que podemos unir humanos e tecnologia de maneira colaborativa, para que as máquinas sejam utilizadas para complementar e melhorar as nossas habilidades, além de tornar as interações mais rápidas e acessíveis. Com a ferramenta assumindo tarefas repetitivas, as pessoas terão mais tempo e energia para investir em relações humanas significativas e em atividades criativas.
É crucial lembrar que as IAs são possibilidades de experimentação e não devem ser usadas como verdades absolutas. Nesse sentido, é importante democratizar o acesso à IA e educar as pessoas sobre como utilizá-la de forma eficaz — mas isso só será possível se todos, não apenas os desenvolvedores, estiverem preparados para usá-la de forma consciente. Sou otimista e gosto sempre de pensar que estamos diante de uma ferramenta que possui um potencial enorme de melhorar a nossa qualidade de vida, bem como os nossos relacionamentos e o futuro do trabalho.
*Carlos Zuccolo é Head de Marketing da Hyper Island,
consultoria global especializada em jornadas de aprendizado e transformação
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ISABELA MANOCCHIO SANTOS
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