Pesquisa da SOCESP – Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo revela um dado alarmante: apenas 11% dos entrevistados mencionaram o descontrole do colesterol LDL – chamado de colesterol ruim – como fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares (DCVs). Mas é ele um dos principais vilões do coração, responsável, entre outras, pela Doença Arterial Coronariana (DAC) e, consequentemente, pelo infarto agudo do miocárdio.
“A causa mais comum da DAC é a obstrução das artérias coronárias, quando se formam placas pelo acúmulo de colesterol. Com o tempo, estas placas crescem e reduzem o fluxo sanguíneo que irriga o músculo cardíaco”, explica um dos coordenadores do Projeto Infarto da SOCESP, Pedro Moraes. “Ao atingir de 70 a 75% do diâmetro do vaso, essa restrição faz com que o fluxo de sangue não seja suficiente e a pessoa começa a ter sintomas.” Dores ou desconforto na região do tórax são repercussões mais comuns. “Estes sintomas aparecem geralmente, em momento de esforço físico e tendem a melhorar se o indivíduo está em repouso. Também há relatos suadeira, náuseas e falta de ar”, diz o cardiologista.
Entre as condições que levam ao colesterol elevado estão: tendência genética, sedentarismo, alimentação rica em gorduras não saudáveis, obesidade e tabagismo. Por ser uma disfunção que não causa sintomas, muitos com LDL alto não aderem às terapias medicamentosas prescritas, piorando o prognóstico. Estima-se que 50% dos ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais (AVCs) seriam evitados caso o colesterol se mantivesse dentro dos parâmetros normais: abaixo de 130 mg/dl.
Do ranking acima descrito, é possível reverter alguns itens com medidas simples, que não só combatem o colesterol ruim como contribuem para um corpo mais saudável: manter atividade física na rotina diária; optar por uma dieta balanceada com frutas, verduras, legumes e carnes magras, por exemplo; controlar o peso corpóreo e parar de fumar.
Em 2022, a SOCESP, com base em informações oficiais, constatou a morte por infarto de 227.981 brasileiros, sendo 71.244 homens e 49.405 mulheres. Somente no Estado de São Paulo foram 57.147 óbitos por este diagnóstico, sendo 20.023 homens e 14.065 mulheres (poucos não tinham o sexo declarado nos documentos).
População precisa estar mais informada
O fato de somente 11% dos consultados relacionarem dislipidemia (colesterol alto) com DCVs mostra que há muito trabalho de conscientização a ser desenvolvido. “A partir dos 35 anos já é recomendável fazer check-up de rotina e análises clínicas para avaliar, além do colesterol, a glicemia, uma vez que o diabetes também impacta a saúde do coração. Ao serem identificados fatores de risco e um provável diagnóstico de DAC, serão tomadas medidas preventivas e exames específicos voltados a dimensionar os danos e o padrão da doença: quantos vasos foram acometidos? Qual a porcentagem de obstrução?”, ressalta o cardiologista. Cintilografia, teste ergométrico e, em casos mais graves, o cateterismo são procedimentos que ajudam os cardiologistas a avaliarem o quadro e indicarem o melhor tratamento, que pode ser desde uma combinação de medicações até cirurgias mais complexas de revascularização, como ponte de safena ou mamária.
A pesquisa da SOCESP foi realizada com 2.764 pessoas, nas cidades de Araçatuba, Araraquara, Bauru, Osasco, Ribeirão Preto, São Carlos, São José do Rio Preto, Sorocaba, Vale do Paraíba e na capital paulista e os dados coletados nesse levantamento estão sendo debatidos no Congresso da SOCESP, que acontece nos dias 30 e 31 de maio e 1º de junho, no Transamérica Expo Center, em São Paulo.
Projeto Infarto
Integrantes das diretorias da SOCESP e do American College of Cardiology (ACC) discutiram nesta quinta-feira (30/05) no evento uma parceria com o ACC. A Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, representada pelo secretário Luiz Carlos Zamarco, compartilhará os dados dos pacientes com infarto na cidade dentro da plataforma do ACC. As informações consolidadas das emergências no município permitirão a análise de métricas e assim melhorar qualidade dos atendimentos e reduzir mortes por infarto. A ação faz parte do Projeto Infarto da SOCESP que contempla treinamento para o correto manejo da emergência cardiovascular, com cronograma padrão, considerando os sintomas apresentados.
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JOSE ROBERTO LUCHETTI
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