O segmento de bares e restaurantes apresenta um comportamento positivo quando o assunto é o crescente aumento no nível de contratação de funcionários. De acordo com dados da PNAD, divulgados pelo IBGE em abril de 2024, nos últimos 12 meses o setor apresentou um aumento de 1,7% no número de pessoas empregadas. Ainda de acordo com a PNAD e Abrasel, em 2023 o setor criou 170 mil novos postos de trabalho, considerando os cargos de garçom e chefe de cozinha.
Seguindo a consistência na taxa de contrações, bares e restaurantes ainda se destacam como a porta de entrada para a primeira experiência de muitos brasileiros. Segundo a Abrasel, cerca de 93% dos empreendedores contratam pessoas sem experiência, o que influencia no aumento do nível de contratação de funcionários.
Apesar do crescimento no número de contratações, encontrar profissionais que atendam aos requisitos do segmento e estejam dispostos a permanecer nos estabelecimentos é uma tarefa árdua. Essa dificuldade gera a evasão de funcionários no setor, e a rotatividade cria um ciclo desgastante para os proprietários, que precisam constantemente treinar novos colaboradores.
Quem vivencia isso no dia a dia é Fabiano Matta Machado, proprietário do restaurante Isto e Aquilo, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Para o empreendedor, este é o pior momento quando o assunto é retenção de funcionários no setor de bares e restaurantes. “Em quase nossos 40 anos de existência não temos registro de tamanha dificuldade. Estamos falando de todos os setores do restaurante”, afirma Machado.
Para a sócia diretora da Resch Recursos Humanos, Jacqueline Resch, os colaboradores podem estar saindo por vários motivos. “Talvez tenham encontrado uma oportunidade mais vantajosa em termos de remuneração, benefícios ou ambiente de trabalho, ou busquem um lugar com menos pressão. Também podem sair devido a um clima organizacional negativo, onde não se sentem confortáveis ou valorizados”, explica Resch.
Lidar com pressão, estresse e com um clima organizacional ruim são fatores que podem afetar o bem-estar e a saúde mental dos colaboradores, contribuindo com a evasão. Diante desse cenário, a especialista em Recurso Humanos, Márcia Matta, afirma que a remuneração não é o único aspecto capaz de manter o colaborador em uma empresa. De acordo com a consultora, o salário não está em primeiro lugar quando o assunto é fidelização do funcionário. “É importante uma remuneração justa, mas também são necessárias boas políticas internas”, afirma Matta
Encontrar um equilíbrio entre gestão e qualidade de vida dos funcionários é essencial. Para Resch, esse caminho está diretamente ligado ao tipo de liderança que a equipe possui. “O tipo de chefe que apenas dá ordens e só repreende não tem mais espaço, especialmente considerando que em muitos bares e restaurantes os funcionários são jovens, pessoas que têm uma perspectiva diferente do mundo”, reforça Jacqueline.
Mesmo com a intenção de proporcionar uma maior qualidade de vida aos colaboradores, vale reforçar que o ambiente de trabalho possui regras e deveres a serem cumpridos e seguidos. Essa perspectiva é afirmada também por Jacqueline. “É importante definir as regras, pois isso estabelece os padrões e, provavelmente, os horários também. Às vezes, a definição pode ser mais informal, mas ainda assim é essencial ter um código comportamental em vigor”, conta Resch.
Adotar um equilíbrio pode beneficiar a gestão dos estabelecimentos a longo prazo, levando os funcionários a compreenderem seus propósitos dentro do espaço em que trabalham. Ao trabalharem com propósito, os colaboradores passam a lidar de maneira mais positiva com o mercado.
Esse modelo de trabalho afeta diretamente na retenção dos funcionários. Quando os colaboradores se sentem valorizados e engajados com o propósito da empresa, estão mais propensos a permanecerem em seus cargos por mais tempo. Isso resulta em uma equipe estável e coesa.
É crucial que os empreendedores se concentrem em cultivar um ambiente de trabalho onde os funcionários se sintam valorizados, engajados e motivados a permanecerem. Isso envolve não apenas oferecer salários competitivos, mas também promover uma cultura organizacional que priorize o desenvolvimento pessoal, o reconhecimento e o senso de pertencimento.
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TATIANE RAQUEL FERREIRA RIBEIRO
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