Por Marcelo Simões*
A análise fiscal e tributária brasileira é conhecida mundialmente por ser uma das mais complexas, cercando os profissionais da área com desafios que limitam a performance, a eficiência e as decisões referentes ao setor. O comprometimento desses requisitos resulta em entregas fiscais vulneráveis a riscos, bem como à influência negativa da falta de controle das operações e carência de visão de negócio, características que levam 95% das empresas brasileiras a pagarem cargas tributárias maiores do que deveriam, conforme mostra um estudo feito em 2023 pelo IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário).
Os motivos que desencadeiam este cenário podem ser muitos e variar de empresa para empresa, dependendo de seus processos e seus segmentos, mas todas compartilham uma origem em comum para o problema de baixo desempenho: a falta de expertise nas operações.
Indo ao contrário do que muitos pensam, a área fiscal está se modernizando, seja através do projeto da Reforma Tributária, com medidas legais que viabilizam uma estrutura tributária nacional mais justa, seja através da tecnologia, com inovações que abrem espaço para automação e precisão do uso de informações. Não há dúvidas que, juntos, esses dois movimentos podem minimizar os riscos de litígios e desmistificar a complexidade fiscal que assombra muitas organizações.
Um medo antigo: área fiscal ainda lida com ineficiência
Entre um dos principais motivos que prolongam a complexidade no meio das operações tributárias, está a constante evolução das regulamentações, afinal, o modelo fiscal possui múltiplos impostos, taxas e contribuições, cada um com regras e normas especificas. Uma empresa que não possui tanta bagagem tributária é ainda mais afetada com a mudança das leis, as quais exigem um alto nível de compreensão, por serem conteúdos densos, e de monitoramento, por evoluírem rapidamente e serem determinantes para o tratamento e a entrega das obrigações.
Por outro lado, um desafio antigo, mas ainda presente nas demandas fiscais, refere-se à mecanicidade de cálculos, análises, emissões de relatórios e demais processos que gastam o tempo útil dos profissionais e poderiam ser otimizados, principalmente com as novas revoluções tecnológicas presentes no mercado. Além de diminuir a produtividade, insistir em processos manuais é muito mais custoso financeiramente quando a estruturação não está sendo monitorada e planejada, resultando no pagamento indevido de onerações e declarações entregues sem a devida apuração de informações, sucedendo na inconformidade. Na prática, trata-se de um ciclo vicioso altamente nocivo à saúde financeira do negócio.
Sobre pagamentos excessivos, como mostram os dados reportados pelo IBPT, a alta carga tributária influencia diretamente as decisões de negócios, como expansão, investimento e precificação de produtos e serviços. Assim, a rentabilidade e a competitividade de uma empresa ficam minadas e sem grandes expectativas de crescimento. É hora, com isso, de largar os métodos antigos, e adotar práticas inovadoras, com nível de segurança e conformidade, para transformar a área tributária em um setor moderno e atualizado.
A tecnologia é o caminho para a estabilidade fiscal
A resposta de que o caminho para a estabilidade fiscal está na tecnologia pode parecer simplória demais, mas é uma revelação impressionante para a performance de empresas de todos os segmentos e tamanhos que sofrem com a complexidade tributária nacional. Por mais que a Reforma seja um projeto que legaliza medidas fiscais mais justas e colabora para a conformidade eficiente, sem a ‘Reforma Tecnológica’, não terá os mesmos impactos positivos.
Vamos começar compreendendo que o mundo digital tem muito a contribuir com a automação, um aspecto que já cura uma das feridas que adoecem a eficiência tributária. Além de otimizar, ou seja, facilitar análises e cálculos, a expertise de tecnologias fiscais permite que os dados sejam mais precisos, evitando erros que poderiam passar despercebidos nos métodos manuais. Já quando temos a volatilidade regulatória como outra dor, a inovação também consegue conciliar esta demanda, monitorando e validando as operações de acordo com novas normas fiscais, preservando o nível de confiabilidade tributária da empresa.
Não distante, ao integrar e organizar os processos e tratamentos de dados, com Simuladores Tributários, por exemplo, é possível que oportunidades estejam mais visíveis, bem como padrões anômalos podem ser previamente detectados.
Trata-se de clarear o universo fiscal e trazer embasamento estratégico para decisões e para as análises e entregas de obrigações. Do ponto de vista operacional, profissionais especializados, como contadores, advogados tributaristas e consultores fiscais, também fortalecem suas análises e suas gestões, sem deixar prazos, dados ou atualizações legislativas serem negligenciados.
A nova era fiscal já começou e temos dois protagonistas: a Reforma Tributária e a Inteligência Fiscal. Sem exageros, ambas têm o poder de favorecer os fluxos tributários e eliminar de uma vez por todas as chances de inconformidade que empresas ainda temem. Já chegou o momento de acreditar na inovação e, com responsabilidade, implementar tecnologia nas análises fiscais, em busca de tornar o setor mais ágil, seguro e com insights valiosos para decisões oportunas e férteis!
*Marcelo Simões é Diretor de Operações e Cofundador da Comtax, empresa especializada na área fiscal. Graduado em Economia pela Universidade Estadual de Londrina, com MBA em Gestão Empresarial pela FGV.
Sobre a Comtax
A Comtax foi fundada em 2018 e possui uma expertise 100% tributária, atuando no modelo de boutique que realiza uma consultoria personalizada. Atendendo os maiores contribuintes nacionais, hoje, possui 50 clientes em seu portfólio, sobretudo na área de varejo e indústria. É especializada em Digital Tax e atua diretamente com Tax Determination, relacionado ao tratamento de impostos sobre as vendas nas empresas, ofertando soluções como Antivírus Fiscal, Simulador Tributário e Vacina Fiscal. Acesse o site e veja mais.