O entorno do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), defende adiar ao máximo a escolha do vice na chapa que tentará a reeleição. O intuito, segundo interlocutores, é evitar que uma escolha comprometa a harmonia entre os partidos que apoiam a reeleição do emedebista. Isso não tem impedido, no entanto, que os potenciais candidatos trabalhem nos bastidores para sair na frente na disputa. Alguns já são até alvo de fritura dentro da campanha.
Na última segunda-feira, Nunes reuniu representantes de nove partidos em um jantar para consolidar apoio a seu nome. Atualmente, o leque de opções para compor sua chapa inclui nomes de PL, União Brasil e Republicanos. Segundo apurou O GLOBO, o PL terá preferência na escolha, que deverá passar pelo crivo do ex-presidente Jair Bolsonaro e do presidente nacional da legenda, Valdemar Costa Neto. Desde o ano passado, Nunes buscou o apoio do PL para evitar que o partido lançasse um candidato próprio. Bolsonaro indicou o nome do coronel Ricardo Mello Araújo.
No União Brasil, o presidente da Câmara Municipal, Milton Leite, tem se colocado publicamente à disposição do prefeito para a vaga. Leite foi o segundo vereador mais votado em 2020, atrás apenas de Eduardo Suplicy (PT), e é tido como um nome influente na Zona Sul, alvo de disputa entre Nunes, Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB). Assim como outros cotados, Leite não é ligado ao bolsonarismo e está num partido com menos peso que o PL, além de ser desafeto do governador Tarcísio de Freitas. Correligionários de Nunes acreditam que o movimento de Leite visa enterrar a pré-candidatura do deputado federal Kim Kataguiri (União).
No Republicanos, o deputado estadual Tomé Abduch é citado como possibilidade. Conhecido por ser um dos fundadores do movimento Nas Ruas, Tomé tem a simpatia de Nunes, mas enfrenta oposição de Tarcísio, que se tornou um dos principais conselheiros do prefeito. Isso porque o deputado recusou convite de Tarcísio para assumir secretaria. O governador contava com a saída de Tomé da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) para ajudar o policial federal Danilo Campetti a se aproximar de uma cadeira na Casa.
O secretário municipal de Relações Internacionais de São Paulo, Aldo Rebelo, é o nome preferido de Nunes, pela experiência política. Aldo foi ministro de Lula e Dilma e tem boa relação com Bolsonaro. Aldo trocou o PDT pelo MDB para permanecer como uma opção para Nunes.
Disputa no PL
Já o PL tem nomes à mesa. Mello Araújo, o favorito, tem sido alvo de fritura pelo entorno do prefeito. Há integrantes da campanha que afirmam que o ex-Rota, por ser mais ideológico e associado à polícia, poderia prejudicar Nunes em determinados segmentos.
Além de Mello Araújo, duas vereadoras do PL são cotadas: Rute Costa e Sonaira Fernandes, recém-filiadas ao partido. Rute tem proximidade com o presidente do diretório municipal do PL, o vereador Isac Félix, além de ser filha do pastor José Wellington Bezerra da Costa, da Assembleia de Deus em São Paulo. O fato de ser mulher e ter influência no segmento evangélico é considerado positivo pela campanha. O que pesa contra, no entanto, é o fato de ela não ser ligada aos bolsonaristas e até pouco tempo estar no PSDB.
Já Sonaira, que deixou o Republicanos a pedido de Bolsonaro, é próxima da família do ex-presidente e foi assessora de Eduardo Bolsonaro na Câmara. Também tem boa relação com Tarcísio e a primeira-dama do estado, Cristine Freitas. Pesa negativamente o seu perfil também ideológico e os ataques que ela fez contra o prefeito no passado. Outro nome defendido pelo PL de São Paulo é o da delegada Raquel Gallinati, ex-presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de SP (Sindpesp). Raquel, porém, não é próxima dos bolsonaristas.
Opções à mesa
Ricardo M. Araújo (PL): Coronel aposentado da PM é o nome preferido do ex-presidente Jair Bolsonaro. Apesar do apoio, nome enfrenta resistência no entorno de Nunes por causa do viés ideológico.
Sonaira Fernandes (PL): Vereadora, próxima à família Bolsonaro e a Tarcísio, trocou o Republicanos pelo PL, assim como a também parlamentar Rute Costa.
Aldo Rebelo (MDB): Ex-ministro de Lula e Dilma, que trocou o PDT pelo MDB, tem a confiança de Nunes pela experiência política, mas o histórico à esquerda incomoda a ala bolsonarista.
Milton Leite (União): Presidente da Câmara dos Vereadores de SP deseja integrar a chapa, movimento visto como fim da pré-candidatura de Kim Kataguiri. Além do União, Republicanos também quer a vice.
por Bianca Gomes O Globo