O Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia (INGOH) lança o primeiro serviço de autocoleta vaginal para detecção do Papilomavírus Humano (HPV) no Estado. A autocoleta vaginal é uma solução inovadora para detecção da infecção persistente pelo HPV, o principal fator de risco para o desenvolvimento do câncer do colo do útero. O dispositivo de autocoleta vaginal torna a coleta mais prática e privativa, já que a coleta pode ser feita em casa pela própria mulher e por homens transgêneros, e independe de profissional de saúde para realizá-la.
Após a coleta, o material é encaminhado para o laboratório que dispõe da tecnologia para análise da amostra, emitindo o laudo do exame em até cinco dias. A solução de autocoleta vaginal desenvolvida pela BD, uma das maiores empresas de tecnologia médica do mundo, é validada e aprovada pela Anvisa para o diagnóstico do HPV, sendo menos invasiva e com precisão comparável à coleta realizada no consultório. Esse é o primeiro serviço de autocoleta vaginal a ser disponibilizado no Estado de Goiás, nas unidades do laboratório INGOH das cidades de Goiânia, Anápolis, Caldas Novas e Ceres.
“Os goianos terão acesso a essa nova metodologia de coleta que vai impactar positivamente no combate ao câncer do colo do útero. A coleta com o dispositivo de autocoleta vaginal entrega resultados com alta precisão, como os exames coletados em clínicas e laboratórios, além de ser menos invasivo e acessível”, afirma Sebastião Alves, professor do Departamento de Patologia e Imagenologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás (UFG), médico
patologista com ênfase em tumores cervicais e mamários e responsável técnico pelo laboratório INGOH.
Existem mais de 200 tipos do vírus HPV, sendo que ao menos 14 são considerados oncogênicos, apresentando maior probabilidade para o desenvolvimento de infecções persistentes, além de estarem associados ao desenvolvimento de lesões precursoras do câncer do colo do útero. Os tipos de HPV 16 e 18 são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero¹. Contudo, nota-se um aumento do risco para o desenvolvimento de doença após a infecção pelo
HPV 31.
O Instituto Nacional do Câncer (INCA) projeta que, no triênio 2023-2025, 17 mil pacientes serão diagnosticadas com a doença a cada ano. No Brasil, o câncer do colo do útero é o terceiro mais incidente. Geograficamente, o câncer do colo do útero é o segundo mais incidente nas regiões Norte e Nordeste.
“Com essa tecnologia será possível que mulheres façam seu exame preventivo com mais conforto e privacidade, e consequentemente aumentaremos a detecção do HPV. Entendemos que a melhor forma de diagnosticar esse tipo de tumor em estágio inicial, e aumentar as chances de cura, é por intermédio de exames periódicos de alta performance, como o teste para detecção do HPV”, complementa professor Sebastião.
Em 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou uma Estratégia Global³para erradicar o câncer do colo do útero, estabelecendo metas a serem alcançadas até 2030. A estratégia está baseada em três pilares: vacinação total de 90% das meninas até os 14 anos; realização de pelo menos dois testes de alta performance para detecção do HPV para 70% das mulheres, aos 35 e aos 45 anos; tratamento adequado de pelo menos 90% das pacientes diagnosticadas com lesões
precursoras do câncer ou com câncer do colo do útero.
Como a autocoleta vaginal funciona
O sistema une praticidade à privacidade, permitindo que as próprias pacientes façam a coleta do material vaginal em qualquer lugar. A BD disponibiliza duas opções de dispositivos de autocoleta vaginal para coleta no consultório, no trabalho, em casa ou no local de preferência da paciente. Trata-se dos primeiros dispositivos deste tipo para a detecção do HPV aprovados por entidades nacionais e internacionais.
“Para detectar as lesões causadas pelo HPV em seu estágio inicial é necessário manter os exames de rotina em dia. Quanto mais cedo descobrir uma lesão do colo do útero, maiores são as chances de sucesso do tratamento, impedindo que se torne cancerígena. E a autocoleta expande o acesso à saúde, tornando-se uma ferramenta bastante eficaz para o combate do câncer do colo do útero”, finaliza a ginecologista Neila Speck, professora da Universidade Federal de São Paulo
(UNIFESP) e presidente da Comissão Nacional Especializada no Trato Genital Inferior da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).