Em um mundo em constante evolução, onde as barreiras entre gêneros estão gradualmente se dissolvendo, é crucial reiterar que o Dia da Mulher não deve ser apenas uma data marcada no calendário, mas sim uma celebração contínua em todos os dias do ano. Reconhecer e valorizar as mulheres não é uma tarefa sazonal, é um compromisso diário, tanto no ambiente profissional quanto fora dele. O alerta é da vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos – Seção Minas Gerais (ABRH/MG), Kécia Silveira de Castro.
Segundo a gestora, em um mundo corporativo cada vez mais diversificado, a valorização da mulher no ambiente de trabalho não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma estratégia essencial para o sucesso organizacional. “E neste cenário, a área de RH desempenha um papel crucial no processo, servindo como a espinha dorsal das práticas inclusivas e empoderadoras que promovem a igualdade de gênero e impulsionam a inovação e o crescimento.”
Kécia lembra que pesquisas mostram o aumento da participação da mulher no mercado de trabalho, mas que, ainda, existem muitos desafios pela frente. “De acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), a participação de mulheres no mercado é 20% inferior a dos homens. E para aquelas que assumem a responsabilidade de serem mães a questão é ainda mais complicada”.
Outro levantamento, apontado pela vice-presidente, é o do laboratório de estudos PUCRS DataSocial que foi feito a partir de microdados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No quarto trimestre de 2022, de um total de 1,9 milhão de mães com três filhos ou mais, 40,69% (quase 798,2 mil) estavam fora da força de trabalho por terem de cuidar dos afazeres domésticos, dos filhos ou de outros dependentes. “Além do preconceito com a maternidade, as mulheres vêm vencendo outros desafios no dia a dia como duplas e triplas jornadas e até uma remuneração menor”, ressalta.
No meio corporativo, as ações de igualdade dentro das empresas devem acontecer no dia a dia, de acordo com Kécia. “É importante desenvolver ações de reconhecimento que incentivem o cuidado com saúde mental das mulheres, que as apoiem e orientem em situações de violência, além de práticas que estimulem um ambiente de equidade, diversidade e inclusão”.
Em relação ao mercado de trabalho, a vice-presidente da ABRH/MG diz que as contratações, hoje, levam em consideração fatores relevantes como: formação, experiência e habilidades comportamentais, que são essenciais para o crescimento na carreira. “As mulheres são maioria no recorte de escolaridade, mais de 30% possuem nível superior ou pós graduação. Ainda assim, não basta para igualar a balança. Ainda há situações em que a mulher precisa adotar comportamentos mais duros para ser respeitada e valorizada no ambiente de trabalho”, explica.
Quando o assunto é liderança, algumas pesquisas apontam como diferenciais a flexibilidade, colaboração, maior abertura à diversidade, segundo Kécia. “São fatores essenciais para que as empresas se mantenham competitivas. Entretanto, gestoras e empreendedoras ainda enfrentam barreiras no caminho quando almejam posições mais estratégicas, como preconceito e próprio estilo de liderança”.