São Paulo, fevereiro de 2024 – Em 2019, cerca de 300 milhões de pessoas foram afetadas transtornos e sintomas depressivos, os quais impactam diretamente na qualidade de vida. Estima-se, ainda, que o tratamento medicamentoso é ineficiente para um terço dos pacientes. Com o objetivo de ajudar no tratamento e nos cuidados da saúde mental, pesquisadores da Universidade Santo Amaro (Unisa), uma das mais importantes faculdades médicas do país, realizaram um estudo por meio da revisão sistemática de mais de 2 mil artigos científicos publicados mundialmente.
Análise liderada pelo pesquisador do Mestrado em Ciências da Saúde e professor da Unisa, doutor Lucas Melo Neves, identificou que a musculação demonstra ser efetiva em reduzir os sintomas depressivos. “De fato, muitas pessoas frequentam as milhares de academias de musculação distribuídas em nosso país. Pouco se sabia especialmente sobre o impacto de diferentes variáveis do treino de musculação na redução de sintomas depressivos”, esclarece o pesquisador.
De acordo com o pesquisador, uma das principais informações identificadas é que aqueles que treinaram três vezes por semana ou mais apresentaram maior redução nos sintomas de depressão. O pesquisador destaca que uma variável muito comum do treino de musculação é o número de séries de exercício realizado; e que realizar três séries ou mais por exercício foi uma variável importante para potencializar o efeito antidepressivo. O estudo contou ainda com a liderança do doutor Fabrício Eduardo Rossi, pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciência do Movimento da Universidade Estadual Paulista (UNESP).
Os pesquisadores identificaram que, embora os estudos avaliassem os exercícios de força, o impacto da musculação nos sintomas depressivos havia sido analisado em conjunto com outras doenças, como Parkinson, acidente vascular encefálico, dentre outras. “Focamos neste novo estudo, na determinação do efeito antidepressivo da musculação em pessoas com sintomas ou transtorno depressivo sem outra doença grave associada, além de buscarmos a identificação das variáveis que poderiam influenciar: quantidade de treinos na semana, número de repetições e séries de exercícios”, ressalta Lucas.
“Muitos estudos nos últimos anos identificaram o potencial antidepressivo do exercício físico. Nosso grupo de pesquisa e parceiros têm se preocupado em entender quais variáveis do treinamento de musculação podem impactar tais efeitos. Assim, contribuímos com informações valiosas para os profissionais de saúde e praticantes de musculação compreenderem como potencializar o efeito antidepressivo da musculação.”, afirma Neves.
A pesquisa, que teve seus resultados publicados pela revista científica Psychiatry Research, contou também com a colaboração dos alunos do Mestrado em Ciências da Saúde da Unisa, dos membros da equipe do Laboratório de atividade física e saúde mental – LAFISAM liderado pelo doutor Lucas, dos pesquisadores dos Institutos de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), do Programa de Pós-Graduação em Ciência do Movimento, da Universidade Estadual Paulista (UNESP), do Núcleo de Estudos em Fisiologia Aplicada ao Desempenho e à Saúde, da Universidade Federal do Piauí (UFPI), do Departamento de Métodos e Técnicas Esportivas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM); e de instituições internacionais: Universidade Autônoma do Chile e o Kings College London, no Reino Unido.