Dentre todos os ossos presentes no pé humano, o calcâneo é o maior deles e também o que mais recebe impacto, seja pelo caminhar ou pelo peso do corpo. Quando essa região inflama, a dor que a pessoa sente é de alta intensidade e piora em momentos específicos, como ao levantar, seja de uma noite de sono ou de um período sentado.
A essa inflamação e dor, é dado o nome de fascite plantar, por caracterizar a dor na região da fáscia plantar, justamente na parte do calcanhar. Entretanto, popularmente, o nome pelo qual esse problema é conhecido é de esporão calcâneo.
O normal é que se pense que o esporão nasce do surgimento de uma protuberância óssea, sendo visto como um novo osso, de fato. No entanto, o processo é causado somente pela inflamação, e atinge, em sua maioria, mulheres entre 50 e 55 anos de idade. Além disso, o esporão de calcâneo pode ocorrer em dois lugares, na região inferior (embaixo) e na região posterior (atrás), sendo, este, relacionado a outra doença, denominada tendinopatia insercional do tendão calcâneo.
Pela dor ser muito forte, uma reação comum ao problema é de imaginar que ele simplesmente não tem cura, fazendo com que a sensação incômoda permaneça até o final da vida. Porém, segundo o médico ortopedista, Tiago Baumfeld, especialista em assuntos de pé e tornozelo, “Costumo dizer para os meus pacientes com esporão de calcâneo que só não melhora da fascite plantar o paciente que não quer. Hoje existem inúmeras alternativas e modalidades de tratamento que permitem aos pacientes seguir uma vida sem dor e sem esporão no pé”.
Para o tratamento desse problema, algumas medidas iniciais possíveis incluem a mudança de calçado, perda de peso, alimentação balanceada, massagem local, compressas de gelo, órtese, alongamentos, exercícios e fisioterapia. Caso tudo seja seguido à risca e com cuidado, além do uso de medicamentos, o esperado é que os sintomas melhorem e o esporão não atrapalhe mais.
Porém, quando isso não resolve, já existem tratamentos mais avançados para que a questão seja completamente solucionada, como o tratamento por ondas de choque. Ele é um procedimento ambulatorial, não invasivo e que evita que muitos pacientes necessitem de cirurgia para a resolução do esporão.
Além disso, pode ser escolhido em caso de refratariedade da fascite, ou seja, quando o esporão no pé não está melhorando, ou até mesmo em um primeiro atendimento, para aqueles pacientes com sintomas muito intensos ou que desejam melhorar mais rápido. Normalmente, uma infiltração já poderia trazer excelentes resultados. Para as ondas de choque, três sessões com intervalo semanal normalmente é suficiente.
Elas produzem no local de aplicação um aumento considerável na formação de vasos sanguíneos. Esse aumento permite a chegada de fatores que trazem a reparação do tecido e de oxigênio, possibilitando uma recuperação mais acelerada e aumentando as chances de cura.
Baumfeld alerta que “Geralmente, a terapia por ondas de choque não é descrita como uma experiência dolorosa. No entanto, algumas pessoas podem sentir um desconforto ou uma sensação de pressão à medida que as ondas de choque atingem a área afetada. Muitos profissionais utilizam técnicas para minimizar qualquer desconforto, como ajustar a intensidade das ondas de choque com base na resposta do paciente”.
Por não ser um procedimento invasivo, não há a necessidade de cortes, o que poderia gerar receio nos pacientes. Suas facilidades e possibilidades fazem com que essa seja uma boa escolha, caso o tratamento convencional não resolva, ou o desejo de alívio seja urgente.