O mundo viu um grande volume de investimento sendo aportado em startups nos últimos anos, com seu pico em 2021, quando a pandemia de COVID-19 estimulou a inovação, principalmente nos setores da saúde, educação e finanças, mas também gerou incertezas. Esse movimento é normal dentro da inovação, já que ela acontece com maior intensidade quando problemas importantes precisam ser resolvidos, como é o caso das pandemias e guerras.
A corrida pela resolução da pandemia gerou um alto investimento em tecnologias, com uma real revolução até mesmo no modelo de trabalho, comunicação e relacionamento interpessoal. Unicórnios surgiram tentando resolver os problemas enfrentados pelo mercado e as farmacêuticas e empresas voltadas à saúde tiveram seu maior crescimento em toda a História.
Contudo, ao mesmo tempo em que a inovação foi incentivada, um cenário de incertezas foi criado acerca dos próximos anos e da duração do investimento e os futuros riscos envolvidos com o fim da pandemia. O resultado foi que, em 2022, uma mudança no ciclo econômico começou, com uma nova crise econômica agravada pela inflação, taxa de juros mais altas, diminuição de lucro das empresas de grande porte e um alerta de instituições financeiras internacionais sobre a economia mundial. A quebra do Silicon Valley Bank, em março deste ano, gerou uma verdadeira crise dos investimentos em startups, por ser o principal financiador dessas empresas em todo o mundo, diminuindo a aptidão de investidores ao risco.
Iniciaram-se então ciclos de demissão em massa, principalmente em empresas de tecnologia e multinacionais, de modo a direcionarem o recurso ao aumento do faturamento da empresa, já que os investidores passaram a ser mais criteriosos, com uma cobrança para que as empresas se mostrassem lucrativas.
Um grande medo pairou sobre as startups e fundos de investimento, que se viram encurralados por algumas questões como a insegurança no financiamento por instituições bancárias e a incerteza da captação de investimento. Esperava-se uma redução dos investimentos, e um aumento do fracasso de startups, o que felizmente não aconteceu de forma tão intensificada.
Como as próprias startups, que são conhecidas por errarem rápido e gerarem aprendizados sobre o mercado, o próprio setor se adequou gerando alguns insights importantes que a crise dos investimentos trouxe ao universo das startups:
Acompanhamento: Os investidores direcionaram seus investimentos a empresas que fossem acompanhadas de perto por gestores experientes, e fiscalizadas quanto aos seus gastos e investimentos. Boa parte dos investidores direcionaram seus recursos a Venture Builders e gestoras de fundo, que são reconhecidos pelo acompanhamento mais próximo das startups;
Resiliência e gestão de crises: Startups podem aprender a importância de serem resilientes e preparadas para enfrentar desafios econômicos e financeiros. A capacidade de adaptação e a agilidade na gestão de crises são fundamentais para sobreviver em momentos de incerteza. Startups que souberam se adaptar, se mantiveram atuantes com no mercado e captando investimento, mesmo com a crise;
Foco em sustentabilidade financeira: A crise pode ter destacado a importância de manter uma posição financeira sólida. Empresas que possuíam uma gestão financeira mais eficiente e que priorizavam a sustentabilidade enfrentaram o momento de forma mais controlada;
Diversificação de fontes de financiamento: ficou evidente a necessidade de diversificar as fontes de financiamento. Dependendo excessivamente de um único investidor ou de um tipo específico de investimento, o que torna a startup mais vulnerável a mudanças nas condições do mercado. Da mesma forma, o investidor que aportava dinheiro em uma única tese ou segmento, passou a variar como forma de segurança.
Maior critério de avaliação dos investidores: A crise pode ter tornado os investidores mais cautelosos e criteriosos na hora de escolher em quais startups investir. Empresas com modelos de negócios comprovados, potencial de crescimento sustentável e perspectivas sólidas se tornaram mais atraentes para os investidores. Mais ainda quando acompanhadas por bons gestores.
Oportunidades em tempos de crise: Embora a crise possa ter impactado negativamente algumas startups, também pode ter criado oportunidades para outras. Certos setores e indústrias podem ter se beneficiado das mudanças nas necessidades e comportamentos do consumidor durante a crise, tornando-se atrativos para novos investimentos.
É importante lembrar que cada crise é única, e as lições aprendidas podem variar dependendo da natureza e do alcance da crise. A última em específico, foi um reflexo da pandemia de COVID-19, associada à inflação, juros e alta injeção de capital de risco por bancos em startups, com pouco critério e acompanhamento. Após uma rápida queda do investimento, o mercado voltou a aquecer nos últimos meses, após um novo entendimento do setor e maior precaução nos investimentos.
*Rafael Kenji Hamada é médico, CEO da FHE Ventures e da Health Angels Venture Builder, fundos de investimento no formato de venture builder, com tese em saúde e educação.
Sobre a FHE Ventures
A FHE Ventures é uma corporate venture builder cujo principal objetivo é desenvolver soluções inovadoras voltadas ou adaptadas para as áreas de saúde e educação. O foco é a ampliação e a criação de novas atividades, ferramentas ou processos diferenciados que possam resolver as dores do mercado e serem incorporados às instituições de toda a rede FHE, transformando a educação na área da saúde e, consequentemente, o bem-estar das pessoas. Pertencente ao grupo FCJ Venture Builder, multinacional que leva a inovação como base de ação, com sede em Belo Horizonte (MG), é pioneira no ramo de venture building na América Latina e está presente também nos Estados Unidos, na Europa e no México. Para mais informações, acesse: fheventures.com.br