A doação de córneas para transplante é a chave para a recuperação da visão daqueles que enfrentam problemas de visão severos. De acordo com dados registrados pelo Banco de Órgãos e Tecidos da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), houve um aumento significativo de 11% no número de doações de córneas em 2023, registrando um salto de 311 para 336 transplantes realizados em comparação ao ano anterior.
A córnea é um tecido transparente e protetor localizado na parte anterior do globo ocular. Doenças oculares, lesões traumáticas ou infecções são algumas das causas que podem resultar em danos irreversíveis a esse tecido fundamental para a qualidade da visão. A Dra. Maria Regina Chalita, oftalmologista do CBV – Hospital de Olhos e especialista em córnea, esclarece que o transplante ajuda a restaurar a visão em casos de deficiência visual relacionada a problemas na córnea. “Quando a córnea se torna opaca ou sofre danos que não podem ser corrigidos por meio de tratamentos médicos convencionais, o transplante de córnea se torna uma opção. Se bem-sucedido, pode restaurar mais de 90% da visão.”
É um procedimento cirúrgico em que a córnea saudável de um doador é implantada para substituir a córnea danificada do receptor. Para viabilizar a doação, é necessário que o óbito do doador tenha ocorrido em até 12 horas, sendo que, se o corpo estiver refrigerado, esse limite pode se estender até 24 horas. “É muito importante que quem deseja ser um doador de córnea expresse ainda em vida esse desejo aos familiares. Isso possibilita que a equipe do banco de olhos, responsável por contatar a família do doador e mediar a autorização da doação, seja acionada rapidamente”, explica a oftalmologista.
Todos aqueles interessados têm a possibilidade de se tornarem doadores de córnea, independentemente da faixa etária: adultos, crianças, bebês e até mesmo pacientes mais idosos podem contribuir. Mesmo para aqueles que apresentam alguma condição na córnea, especialmente os mais idosos, o tecido corneano doado pode ser destinado a casos específicos. “Realizamos uma triagem cuidadosa para determinar qual córnea será mais apropriada para resolver cada tipo de patologia, identificando os pacientes que mais necessitam de tal córnea específica”, esclarece.
Nos últimos anos, o Brasil testemunhou um aumento alarmante na fila de espera por transplantes de córnea. Segundo dados levantados pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), mais de 24 mil pacientes aguardam pelo procedimento. “Quando uma pessoa decide ser doadora, estará ajudando dois pacientes na fila, já que será doado o par de córneas. A divulgação da importância das doações de córneas é crucial para podermos ajudar cada vez mais aqueles que aguardam na fila”, enfatiza a Dra. Maria Regina Chalita.
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