A produtividade do trabalho da indústria de transformação brasileira, medida pela quantidade de produtos feitos em relação às horas trabalhadas, cresceu 0,7% no terceiro trimestre de 2023, em relação ao trimestre anterior, na série livre de efeitos sazonais. Este é o segundo trimestre seguido de aumento no indicador, que havia apresentado variação nos últimos cinco trimestres. As informações são da pesquisa Produtividade na Indústria, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
A gerente de Política Industrial da CNI, Samantha Cunha, explica que o crescimento na produtividade é reflexo de uma estagnação da produção (variação de 0,1%), acompanhada de uma redução nas horas trabalhadas na produção, que caíram 0,6%. “Ou seja, o mesmo volume foi produzido, utilizando-se menos insumos, que nesse caso, são as horas trabalhadas”, destaca.
De acordo com Samantha, no acumulado dos últimos dois trimestres, o indicador registrou alta de 1,3%. Entretanto, o resultado compensa uma pequena parte da queda acumulada de 10,6% entre o terceiro trimestre de 2020 e o primeiro trimestre de 2023.
Taxas de juros
Samantha ainda aponta que a produtividade está crescendo em um cenário de desaceleração da produção e do emprego industrial. Ela destaca que, de acordo com empresários da indústria, um dos principais obstáculos para a recuperação da produção é a demanda interna insuficiente, e um fator que contribui para esse cenário são as taxas de juros elevadas.
“Essas altas taxas de juros limitam a recuperação da atividade econômica, também refletem na taxa de investimento da economia, que deve recuar em 2023. Portanto, o cenário para o crescimento sustentado da produtividade está ameaçado. Esse crescimento depende de fatores como a modernização produtiva, o uso de tecnologias avançadas, os investimentos em capacitação de profissionais”, afirma Samantha.
Segundo a gerente de Política Industrial, mesmo que a produtividade do trabalho continue crescendo no quarto trimestre deste ano, deve fechar o ano com uma queda em torno de 0,5%. Caso essa estimativa se confirme, a redução do indicador anual seria equivalente à observada em 2020. Este seria o quarto ano consecutivo de declínio do indicador, porém com uma queda menor do que as registradas em 2021 (-4,7%) e 2022 (-3,0%).
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