“Estamos no melhor momento da história para inovação e desenvolvimento da indústria do país, com taxas reais negativas para financiamento de empresas”, aponta Ivana Béber, Head de Inovação e Fomentos da empresa GT Group, especialista na captação e gestão de recursos para inovação. Até agosto deste ano foram destinados mais de R$ 3 bilhões para projetos somente através da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) – e a previsão é a de fechar o ano com o triplo desse montante, já que o segundo semestre é a época de maior volume de contratos. O anúncio do governo de R$ 60 bilhões até 2026 endossa as projeções de que 2023 sobreexceda o marco de R$ 8 bilhões em créditos concedidos em 2014, maior pico desde a criação da instituição, em 1967.
A destinação de recursos para PMES praticamente dobrou no último ano, passando de R$ 324,8 milhões em 2022 para R$ 648,5 milhões apenas de janeiro a agosto de 2023, pelo Inovacred da Finep. Já para empresas maiores, foram R$ 3,57 bilhões em 2022 e R$ 3,22 bilhões no período de janeiro a agosto de 2023. “Esse suporte ajuda as empresas a melhorarem, a terem fôlego financeiro e a direcionarem recursos para capacitação, treinamento, digitalização e ferramentas, a adotarem melhores práticas de gestão e assim terem aumento de produtividade e de competitividade”, aponta a especialista em inovação.
Juros reais negativos fomentam a inovação de PMEs e de grandes empresas
A Finep é uma das maiores fontes de fomento à inovação do Brasil, com linhas de financiamento para custear planos estratégicos, e anunciou recentemente concurso de analistas para reforçar sua capacidade. Vinculada ao MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação), ela atua em prol do desenvolvimento científico e tecnológico do Brasil, com recursos reembolsáveis e não-reembolsáveis.
“Com a Selic a 12,25% a.a. e juros médio de mercado para empresas de 22,9% a.a. em setembro, a Finep custeia a inovação com taxas a partir de 3% a.a. e carência de até quatro anos, abaixo até mesmo da inflação oficial de 4,87% (IPCA de 12 meses). Logo, a empresa que consegue se financiar com esta linha tem enorme diferencial competitivo frente à sua concorrência”, diz Ivana.
Assim, setores-chave da economia conseguem crédito para se modernizarem, gerarem novos conhecimentos e aplicarem processos complexos, culminando no crescimento e desenvolvimento. “Atualmente, a prioridade dos recursos são para áreas relacionadas à segurança alimentar e nutricional, à saúde, à infraestrutura, ao saneamento, à moradia, à mobilidade, à transformação digital da indústria, à bioeconomia, à descarbonização, à segurança energética e a tecnologias de interesse para a soberania e a defesa nacionais”, lista Ivana, ao citar resolução do CNDI (Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial), com diretrizes da nova política industrial, que norteia as ações do Estado Brasileiro.
Os recursos servem para cobrir até três anos do plano empresarial de inovação e desenvolvimento proposto, que pode abranger gastos operacionais com equipe própria, contratação de serviços de terceiros – como consultorias, engenharia, máquinas e equipamentos -, material de consumo, software, produções-piloto, e até mesmo aquisição de propriedade intelectual, patente ou código-fonte sensível ao plano estratégico em questão.
Tidos como burocráticos e de difícil acesso, BNDES e FINEP encaram o desafio de se tornarem mais acessíveis e vencerem a insatisfação do empresariado com os requisitos impostos e os longos prazos para a concessão de créditos. “Para acelerar os processos e o fluxo de informações entre uma empresa candidata ao crédito, desenvolvemos um sistema que trabalha com IA para ganharmos dias preciosos para o tratamento de dados financeiros e para a elaboração de projetos de financiamento em tempo recorde, e nossa expectativa é já plugá-lo na Finep em janeiro”, adianta Fabrizio Gammino, diretor do GT Group.
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