Nove em cada dez empresas industriais (89%) adotam medidas para reduzir a geração de resíduos sólidos, segundo uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) realizada com empresários de todo o país. O levantamento revela ainda que 86% das indústrias têm ações para otimizar o consumo de energia, enquanto 83% implementam medidas para otimizar o uso de água.
Os três itens estão no topo de uma lista de nove ações elencadas no levantamento. Do total de indústrias respondentes, 36% adotam de 5 a 6 ações e 22% de 7 a 8. Apenas 3% das empresas industriais não desenvolvem nenhuma medida relacionada à sustentabilidade.
Para o gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo, o estudo mostra que as indústrias brasileiras têm priorizado a sustentabilidade e implementado estratégias na linha de produção para contribuir com a eficiência no uso de recursos.
“A pesquisa ajuda entender qual é a perspectiva do setor industrial em relação a agenda de liderança e sustentabilidade, então essa pesquisa é feita de forma paulatina pra que a gente comece a entender como a CNI pode atuar de forma a estimular cada vez mais a agenda ESG dentro do setor industrial”, explica.
Mais iniciativas para a descarbonização
Na pesquisa, os empresários elencaram a modernização de máquinas (27%), o uso de fontes de energias renováveis (23%) e o investimento em tecnologias de baixo carbono (19%) como ações prioritárias para que a indústria contribua com a descarbonização do país. Outras medidas citadas foram investimento em inovação (14%) e acesso a financiamento (10%).
O principal foco de investimento dos empresários industriais para incrementar as ações sustentáveis, nos próximos dois anos, é o uso de fontes renováveis de energia – item citado por 42% dos entrevistados. Em seguida, está a modernização de máquinas (36%) e medidas para otimizar o consumo de energia, o que foi indicado como prioridade por 32% dos industriais.
A pesquisa mostra também que o maior interesse dos empresários industriais é a energia solar. Na amostra geral, 75% dos entrevistados disseram ter muito ou algum interesse em adotar esse tipo de fonte energética. Já o hidrogênio verde ou de baixo carbono aparece em segundo lugar, com 19% e, em terceiro, a energia eólica, com 13%.
De acordo com o levantamento, 53% das indústrias já têm projetos ou ações voltadas para o uso de fontes renováveis de energia. Com 91% das respostas, a fonte solar é a que concentra o foco dessas iniciativas. Biomassa (5%), eólica (3%) e hidrogênio de baixo carbono (1%) respondem pelas demais fontes sendo estudadas pelas empresas.
Novas tecnologias verdes e investimento
O setor privado entende que para impulsionar uma economia de baixo carbono, assim como a disseminação de tecnologias verdes, é necessário expandir o número de indústrias que conseguem acessar formas de financiamento para iniciativas sustentáveis.
O gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo, diz que, para atrair investimentos, se faz necessário adotar uma trajetória sustentável, ampliando e diversificando os serviços cada vez mais.
“Vários investimentos estão sendo feitos dentro das suas plantas industriais como modernização dos seus parques tecnológicos, a troca de combustíveis por combustiveis mais renovaveis e dessa forma você ter uma indústria bastante competitiva, mas que emite pouco CO²”, explica.
A maior parcela dos entrevistados (67%) demonstra interesse em acessar linhas de créditos com essa finalidade. Mas nem todos conseguem atingir esse objetivo. Apenas 16% buscaram algum incentivo de crédito público para projetos sustentáveis e 6% conseguiram. O crédito privado se mostrou mais acessível aos empresários: 24% buscaram e 15% conseguiram. O acesso ao financiamento para ações em sustentabilidade é considerado difícil ou muito difícil para 62% dos entrevistados.
A terceira principal barreira para implantar ações de sustentabilidade, apontada por 22%, é a dificuldade de crédito ou financiamento, atrás apenas da falta de incentivo do governo (51%) e da falta de cultura de sustentabilidade no mercado consumidor (39%).
A pesquisa mostrou que 75% dos empresários industriais têm interesse em linhas de crédito para novas tecnologias verdes como forma de impulsionar a produção sustentável nas fábricas. Outros 66% disseram precisar de novas tecnologias de baixo carbono e 59% têm interesse em modernização de maquinário para atingir metas de descarbonização. Com relação a atuação do poder público, 88% dos entrevistados considera que falta incentivo tributário para fazer esse tipo de mudança.
Não menos importante, a criação de um mercado regulado de carbono também é apontada como um avanço necessário na agenda sustentável, além de todas as medidas que devem ser implementadas conforme o plano regulatório. De acordo com 78% dos entrevistados, a lei que está em discussão na Câmara dos Deputados, que trata da regulamentação da iniciativa, é considerada importante ou muito importante para o setor industrial.
A pesquisa ouviu 1.004 executivos de empresas industriais de pequeno, médio e grande portes em todas as Unidades da Federação. O levantamento foi conduzido pelo Instituto de Pesquisa em Reputação e Imagem, da FSB Holding, entre os dias 3 e 20 de novembro.